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o espelho, o gesto, o espírito dos sabonetes. 100 x 100 óleo acrílico sobre tela. (Fao Carreira) |
VESTES
Complacente é o olhar
nuance de dor se vê até no escuro
Piedade é pra quem precisa da bondade, alheia
pra se sobressair
Existe o gasto e o polido e as coisas que não se bastam
onde a beleza é fugaz no momento que se faz
Dedos, dildos, dálias
Queimando mentirinhas com bitucas
aliviando com a ponta da língua
E saber que a alma é mais importante que o corpo
e o corpo mais que as suas vestes
Fao/10
DOBRAS
meus olhos ardem da tinta que usei, envenenado com as suas,
as pessoas vem em vão e vão,
e a saudade só nasce depois do adeus
que a noite devora o dia
volutas na noite, dobras de esquinas
vasculhando sombras
que o sutil da nuvem se rebela castanha na tempestade,
que o beijo antes desejado celebre em outros lábios, a vida.
sabendo das cores que só nascem no escuro.
eu procuraria a cor escondida dos seus dedos
ou a saliva que só se faz cor na luz
e ainda assim é afeita a luz, céu da boca
e ver vermelhos a lapela avulsa
eu amante escondido sem mesuras, você musa nua deitada
sendo pintada de algum azul verde pele céu invulgar
fao/10
VIBRAFONE
A fome do santo esquálido
revirando arbustos procurando ervas, mostardas e anis
em um cemitério de auto móveis
dissolvendo o açúcar da saliva de todos
os beijos
escorrendo da calha a veia cava
sua
o macio da pele da moça
órfã da música que ilustra o dia
o risco da mosca na pia
o cabelo crescendo tão lento
onde o convite do impossível resiste
a mão de alguém ornando seu braço
o verde e o vermelho cheios de alguma lembrança
ante o grito de dor que ninguém nunca vai ouvir
esparadrapo na ponta do dedo
apontando alguém partir
fao/09
A fome do santo esquálido
revirando arbustos procurando ervas, mostardas e anis
em um cemitério de auto móveis
dissolvendo o açúcar da saliva de todos
os beijos
escorrendo da calha a veia cava
sua
o macio da pele da moça
órfã da música que ilustra o dia
o risco da mosca na pia
o cabelo crescendo tão lento
onde o convite do impossível resiste
a mão de alguém ornando seu braço
o verde e o vermelho cheios de alguma lembrança
ante o grito de dor que ninguém nunca vai ouvir
esparadrapo na ponta do dedo
apontando alguém partir
fao/09
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vênus e a banheira verde. 80 x 60 óleo acrílico sobre tela. (Fao Carreira) |
AUTOR: O paulista Fao Carreira nasceu em Botucatu, é artista plástico e formado em Letras. Extremamente original em linhas, palavras e cores, deixa evidente em seus traços uma essencial liberdade, um teor lúdico, além de impressionante poder criativo. Uma certa irreverência sutil percorre o traçado de suas imagens, mostrando-nos que, por trás do humano, existem outros tantos mistérios governados pela alma.
(Leila Andrade - fotógrafa)