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picolés de frutas
num giro de estufa junto ao berçário da Sé
confraternizando com a vizinhança
cigarras tristíssimas em abismo e gente aos moldes
indiferentes às sementes rasteiras e às frutas
uma sombra que vem de qualquer outra coisa
que não as coisas pairou como em toda parte
serenamente ultrapassando como dentes a tarde quente
ele ofereceu um picolé de morango
ao anjinho loiro de caracóis selvagens
subiu e desceu com ele escarpas
medonhas e colinas aprazíveis
já à primeira vez a curva dos lábios
reprisava nova e crescente
qualquer lugar entre paredes
não sei como terminou
o picolé de frutas
na esquina ou na mesa ao lado
o pó acumulado
na Sé ventam infernos tantos
quantos os céus de outras histórias