Imagem Karina Marandjian
Vidro
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exausto,
me faltam às vírgulas
pra respirar.
ñ quero ñ como ñ durmo ñ domo
o bicho-lombriga-de-caco-de-vidro
que arranha por dentro e em cócegas sangra
o baço o fígado o delgado intestino
destino
e o pronome.
possessivo.
ansioso,
me sobram as sombras e crases
e crises e unhas
pra asfixiar.
sim mato sim mordo sim cravo sim grito
sim como pedaço sim faço carinho
sim garra enfiada no hióide quebrada
na face no olho pescoço percorro
os rasgos e rugas
e rôo o esmalte em destaque e descasque
em veneno encardido.
implacável,
me restam placas bacterianas com dor e sem dentes
e rostos sem face e faces sem books
e pontos. finais.
plaquetas e hemácias desbotadas
e glóbulos pretos de hemácias podres.
me sobra a falta.
me falta a sobra
de amor de calor
de seiva em caule e veia
de parágrafo novo em verso livre
e reticências.
palavras de Adriano Esturilho: Diretor e Produtor de Teatro e Cinema, escritor e compositor. Pela Processo Multiartes, escreveu e encenou peças teatrais como “ArrasTom”, Criânsia”, “Samuel” e “#zeqpop”; realizou curtas e médias-metragens como ”Café do Teatro”, “Repontual” e “Cristo” e co-dirigiu os longas “Gol a Gol” e “Circular”. Pela Editora Medusa, publicou livros como “O ser Social”, “Cancha 2 – Cantigas para perverter juvenis.” e “Ocupado”. Geminiano, canhoto, bipolar, devote de São Dionísio e Ornitorrinco no horóscopo chinês, só acredita em horóscopo quando convém.