XXV
porque ele guardou dois pássaros em meus olhos e me deu um rio e seus afluentes, prendi a ele meus tornozelos.
irmã, que perigo! esse feitiço que fizeste é a contrapelo. irmã, atente, que perigo! irmã, esse feitiço contra o espelho.
eu sei, irmã, eu sei. é difícil. mas ele irmã, ele, é tão bonito.
XXVI
é um rei?
não, irmã, silencia.
é um santo?
não, irmã, silencia.
é um soldado?
não, irmã, silencia. já disse, lábios selados!
quem é irmã, quem é que assim te assusta?
silencia, já disse. um homem que fala pássaros e chuvas.
XXVII
[tua bruxa]
porque ele guardou dois pássaros em meus olhos e me deu um rio e seus afluentes, prendi a ele meus tornozelos.
irmã, que perigo! esse feitiço que fizeste é a contrapelo. irmã, atente, que perigo! irmã, esse feitiço contra o espelho.
eu sei, irmã, eu sei. é difícil. mas ele irmã, ele, é tão bonito.
XXVI
é um rei?
não, irmã, silencia.
é um santo?
não, irmã, silencia.
é um soldado?
não, irmã, silencia. já disse, lábios selados!
quem é irmã, quem é que assim te assusta?
silencia, já disse. um homem que fala pássaros e chuvas.
XXVII
esses despojos, senhor, essa guerra, essa pele que vês, rota, essa terra que me suja os pés as mãos a boca, essa louca, que fui que sou, como me chamas? puta, devoradora, esses despojos, senhor, a carne clara, rendida, abatida, essa briga, esses despojos, senhor, que somos nós, tu e eu, as palavras transpassadas, essas asas pendidas, nada disso, senhor, carecia, nada disso, senhor, precisava.
XXVIII
linha e agulha
no teu coração
o que dura
rota
órbita.
no teu coração
o que dura
rota
órbita.
[tua bruxa]
![]() | |||||||
wei dong |
* palavra: Micheliny Verunschk
* mais poemas da série b de bruxa [bonnus bonnificarum] em mallarmargens:
parte 1 | parte 2| parte 3 | parte 4 | parte 5
parte 1 | parte 2| parte 3 | parte 4 | parte 5