/por Nuno Rau/
siga pelas galerias, boca
que lhe devora, sede
contínua da esfinge
cocaicômana suportando o peso
da pureza
em suas narinas brancas enquanto
você olha de frente a crise
das metáforas, o rol
dos vilipêndios, a carne
do ato e a carne do sentido, os lugares
que agora são
restos da sua melhor
parte, enquanto você
está prestes
a se perder
de vez seguindo aquelas galerias
de fibras subterrâneas, não
sob a pele, “se você quer mesmo
enlouquecer vou
lhe contar toda a verdade que está por baixo
da verdade que está por baixo
da verdade”, ela disse
sem saber que sua cabeça já estava
a prêmio, um dado
rolando sobre os lençóis, se virando
em espasmos enquanto murmurava
“eu já sei”