LEIA A NOTÍCIA
+
3 POEMAS DE
LUIS AUGUSTO CASSAS
+
3 POEMAS DE
LUIS AUGUSTO CASSAS
CASSAS SERÁ PRESENÇA NA FEIRA DO LIVRO COM A OBRA A POESIA SOU EU, MIXANDO AUTO-PALESTRA SOBRE RELAÇÃO TRANSCENDENTAL COM A POESIA E LEITURA DE POEMAS, POR NATHÁLIA FERRO**
O poeta Luis Augusto Cassas se apresentará ao público na 7ª. Edição da Feira do Livro, às 19 horas do dia 3 de outubro, com a sua obra A Poesia sou Eu, Poesia Reunida, que congrega vinte livros de poemas, em 2 volumes, com quase 1400 paginas, em primorosa edição da Imago.
O endereço da apresentação será no auditório da Univima, Universidade Virtual do Maranhão, situado à Rua Portugal, 199, na Praia Grande.
A novidade para o espectador é que, em formato 3 D, novo circuito se desenha, motivando o interesse de leitores e admiradores, incluindo novas parcerias para o lançamento. No primeiro movimento, o poeta baterá um papo sobre os signos da renovação e transformação em sua jornada e sua relação transcendental com a poesia. Em seguida, a cantora Nathália Ferro, da cena pop-rock, conhecida pela entrega e apelo emocional de suas performances, lerá seleção de poemas do autor, com ênfase no desejo e paixão. E, no pós-tudo, sessão-autógrafos, aos presentes.
A POESIA SOU EU, DE CASSAS
A poesia de Cassas habita a convivência entre o esotérico e o popular, o místico e o mítico, a energia e a graça, o social e o existencial, o cósmico e o sentido da vida, navegando entre cartas de tarô e iniciações barrocas. Em seu pensamento lírico, a fome de infinito e sede de eternidade casam-se com as cintilações do cotidiano e os elementos do existir. Celebra o amor e a sabedoria, mas não teme meter o dedo nas feridas da vida.
Muitos de seus livros foram incorporados à nossa paisagem literária e ao gosto popular como, República dos Becos, A Paixão Segundo Alcântara, O Retorno da Aura, Rosebud, O Shopping de Deus & A Alma do Negócio, Ópera Barroca, dentre outros.
Sua obra já foi lida e destacada por parcela significativa da tradição crítica e poética brasileira, como Carlos Drummond de Andrade, Antonio Houaiss, Josué Montello, Ivan Junqueira, Leonardo Boff, Frei Betto, Marco Lucchesi, Lêdo Ivo, Ferreira Gullar, Zeca Baleiro, Moacyr Scliar, dentre outros.
Executivo da alma, romancista da poesia, trapezista luminoso de um circo de palavras, são expressões que designam seu estilo de ser.
AUTO-PALESTRA E RECITAL :
FUSÃO DE ALTAS TEMPERATURAS LÍRICAS
A auto-palestra de Cassas sobre poesia, seu motivo de ser e estar no mundo e o recital lírico, por Nathália Ferro, terá como núcleo central o vigor de sua poética centrada no ser e na eletricidade dos seus versos.
Apesar de gerações diferentes, Cassas e Nathália vibram em oitavas o que pavimentou zonas de convergência e compatibilidade recíprocas. Cassas, autor de uma poesia que vibra em altas temperaturas líricas, assistiu em março passado, o show de lançamento de seu Ep Instantes, no Teatro da Cidade, antigo Roxy, e deu notícia dela em sua página no Facebook, como um “terremoto” “que vibra com a força de um relâmpago e as cintilações de uma estrela solitária”.
Além disso, padrões de independência estabeleceram fatores de atração que os situam à margem da nomenclatura oficial. Apesar de estar no cume da carreira literária e ser lançado por consagradas editoras, Cassas mantém-se ao largo de academias, sindicatos e igrejas literárias. Mestre em becos, PhD em ladeiras, OFM das águas do Maranhão, assim se autodescreve, entre humor e ironia, nos umbrais da obra.
Já Nathália, na flor do vintenário, procurou uma saída legítima para lançar sua produção, através de selo independente e promover sua mensagem. Dela, alguém já disse que parece uma fadista moderna.
* * *
Zoologicamente
Se um dia (por velhice metálica do trinco
ou descuido manual do faxineiro)
o portão de ferro da minha jaula se abrir
verás a fera que eu sou
e tenho guardada há séculos dentro de mim
Saltarei felinamente em cima de ti
como o mais selvagem dos animais
(Animal louco ferido encurralado)
Meus dentes afiados em tua jugular
Minhas garras em teu coração
Tentarás fugir Te alcançarei
Gritarás por socorro Não te ouvirão
Rasgarei inicialmente teu vestido vermelho
o sutiã e tua calcinha branca
até ficares completamente despida
(e entendas por que faço isto)
Depois lamberei todo o teu corpo
seios pernas coxas ventre boca
e te estraçalharei pedaço por pedaço
até não ouvir mais a batida do teu coração
e sentir gosto de sangue e vitória em minha boca
De tarde esperarei pacientemente os urubus
que virão buscar as tuas vísceras
E tudo isso (quero que saibas)
apenas porque jogaste amendoim
na jaula de outros animais
Cadeira Elétrica
Todo poeta tem direito ao último pedido
Canção de Dylan cachimbo inglês
ou o indefectível bife com fritas
Ninguém poderá recusar o batismo de fogo
de quem foi o herói de todas as paixões
(Assim falava Caryl Chessman cela 455
enquanto engraxava os sapatos vermelhos
pra assassinar pombos no Central Park)
Se o cabelo foi penteado não mais importa
Essa foi a derradeira apresentação
— Inferno de kryptônia que sabes de Dante Alighieri?
O povo viu a cena na tevê & lavou as mãos nos bares
Ninguém percebeu que a alta voltagem da descarga elétrica
incendiou-lhe o fio condutor da memória
antes do curto-circuito afinal
No trono onde posa como um decadente deus grego
desenhou com as unhas o derradeiro poema
Mas quem quer saber de um poeta sem smoking
& reclamando do ketchup (na calça) no dia do prejuízo final?
Na foto estampada na primeira página dos jornais
o poeta ri Ri da América e dos homens de boa vontade
Um Pouco do Inferno de Dante
no Paraiso de Milton
ah! sejamos incendiários
docemente incendiários
como o bofete de maiakovski
na face esquerda do czar
óleo diesel álcool 40 crepúsculo argelino
bomba h fissão nuclear fósforo pinheiro
ou coquetel molotov com chantilly
tudo é pavio para altear a chama
incendiemos a esquerda e a direita
incendiemos o centro o alto e o dentro
queime o fogo o Capitólio e as nuvens
e a face de Deus ganhe um belo bronzeado
mas queimemos tudo com charme
para que não haja alarde:
e a piolhenta barba do velho marx
crepite como vestido de joana d’arc
queimemos os democratas e os socialistas
queimemos os surrealistas e os porcos chauvinistas
queimemos os Vedas a Bíblia e o Alcorão
a página da História vire tocha olímpica
seja um espetáculo pirotécnico
de causar inveja a Nero:
certo de que o último a sucumbir
não apagará o fogo em seu xixi
ah! sejamos incendiários
docemente incendiários
como o bofete de Maiakovski
na face esquerda do czar
o fogo queime o todo o tudo e o antigo
e faça brotar da casca do (n)ovo
e quem sabe então nasçamos rubros
mais rubros que a revolução de outubro
* * *
Luis Augusto Cassas, 60, é autor de A Poesia Sou Eu, Poesia Reunida, Imago Editora, dezembro de 2012, 2 volumes encadernados, com aproximadamente 1400 páginas. Reúne toda a produção poética do autor composta de 16 livros éditos, 4 inéditos e vasta fortuna crítica.
** Nathália Ferro é um dos novos talentos da música maranhense, realizando um trabalho eclético com base em várias fontes, do rock progressivo até clássicos dos anos 80, mas igualmente influenciada por bons músicos da MPB e pelo reggae. Conheça o som dela aqui.