/Helena Figueiredo/
A raiva adocicada
um éter diluído
nas pedras da calçada
e no umbral caiado
onde desmaia um ai
(que ali ficou sustido)
há penas de ave
voo passado.
A aldeia morta
não é fogo a extinguir
é um braseiro consumido
em volta os velhos/estátuas de sal.
Ah, se eu pudesse apanhar cada resquício
ainda por arder
cada fibra desentrançada
ergueria na praça a tocha ardente
a estátua viva
faria gente
por medida
igual àquela que partiu.
Fotografia de Marta Monteiro