Inevitabilidade
Via de regra
O corpo
Outro
Grave
Acerca-se
E desperta desequilíbrios
Minha trêmula carne
Vibra;
À revelia em festa
Contesta
Testa e atesta
A gravidade
Da Poesia.
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Íngua
Áspero beijo
Que aspira e espera
À míngua,
A língua.
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Marulho
Nesse emaranhado arranhado silvestre que me habita o seio
Mergulho
E faço
Marulho
Em todo o mar.
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Resposta ao poema “Sedução” de Adélia Prado
Ai Adélia,
Tem dó e me escuta
Eu que te peço de mansinho
Nesse baixo entre gemidos,
Que me comas mais devagar.
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Poema XVI
Para transitar de um corpo ao outro,
Bebi Pedro
Comi Pedro
Dentro e fora
Fora e dentro
Dentre verbos
Dentre versos
Tão im-próprios.
Inda assim,
Todo dia
Toda a pele
Me ardia,
Feito bruxa na fogueira.
*palavra: Karine Kelly Pereira
Nascida no inverno de 1994, Karine Kelly Pereiraé artista e pesquisadora do corpo em artes circenses, dança e poesia.