Edson Bueno de Camargo
por quê
os velhos cuidam
de guardar silêncios (?)
e os móveis da sala
tomam dimensões titânicas
diante destes versos
e os cômodos com mobílias velhas
cadeiras que rangem
melodias soturnas
e um éter com cheiro de alfazema
(mas também de passado)
percorre os corredores
um imensidão de livros
de poemas advogados às pressas
e as presas de sal
a acossar as janelas
agora cabe a mim o calar
quando o verbo
não se faz mais suficiente
guarda-me agora
de ser velho também
(poema inédito do ano passado,
foto de Cecília Camargo - 2005 - um ano estranho em nossa vidas, creio em um dos raros momentos em que sorri - o outro foi quando meu neto nasceu - )