Luís Costa
“ O rei levou-me para as suas câmaras “
( Cântico dos cânticos )
OS PERFUMES dos nossos corpos são belos
como a grandeza dos nobres metais
ou a redondez das amoras
e a casa espera-nos
com o seu jardim
de rosas penetrantes
os luares grandes e sapientes
o muro térreo
e a câmara abre-se
ao centro
o leito celestial
em redor
as estátuas magníficas
dizem-nos as boas vindas
ah! o seu silêncio de luz-obscura
pois sabemos da linguagem dos oásis
e das flores mudas
( como em Baudelaire )
e as liras pregadas
nas palmeiras
a dança subindo-nos no sangue:
ó arqueada
e profícua ciência!
assim nos ardem as vísceras
nesta opulência de cal e de pedras em fogo
e perfumes antigos
( In: Arqueologia nocturna )
( In: Arqueologia nocturna )