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CHICO LOPES POR KRISHNAMURTI GÓES DOS ANJOS

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“A passagem invisível” – novo livro do escritor Chico Lopes

Por Krishnamurti Góes dos Anjos

A Editora Laranja Original dá a público nesta segunda-feira dia 12 de agosto, a obra “A passagem invisível” -  contos, de Chico Lopes. Sobre o livro escrevemos eu e o Antonio Carlos Secchin os trechos abaixo em Prefácio e texto de contracapa:
“Em A passagem invisível, nada é óbvio, na contracorrente da onda neonaturalista que parece dominar boa parte de nossa ficção. Como o protagonista do  conto que abre e  dá título à coletânea,  o autor não cultiva “as tolices e vulgaridades de cada manhã”; seu território é, antes, noturno:  o reino das sombras que toldam as certezas da natureza humana. Fala de coisas e relações inacabadas ou já destruídas, fora, portanto, de pontos de controle ou equilíbrio. Daí a eclosão da violência – física, mas sobretudo psíquica -  para os que tentam  manter o pé num mundo movediço. Violência que assola o conforto do leitor com a mesma intensidade e constância com que, no livro, os personagens invadem o domicílio alheio. Tais invasões, com frequência, culminam em passagem para a morte. As casas e os espaços invadidos são em geral solitários, por vezes sórdidos, como no admirável conto “O legado”, com sua velada e sofrida carga homoerótica.   O substantivo “passagem” ata as pontas do livro, presente, na condição de elemento-chave, na primeira e na derradeira narrativa, em cada uma delas, porém, sinalizando sentidos que se diriam opostos.
No conto inicial, a passagem é para a morte – e assim será em quatro  dos sete  relatos subsequentes, na visada de desesperança que atravessa a obra. No fecho, porém, “Bilico, Oceano e Graveto” nos concede algum alento: a passagem/invasão derradeira é também para uma casa. Mas, em vez de ser invadida, é ela que invade a tela de um pintor. No comovente epílogo, não há um salto para a morte: a casa se torna sinônimo de vida, capaz de acolher inclusive   um personagem fugidio. A casa final, erguida não de tijolos, mas pela imaginação – metáfora da potência construtiva da arte – é “invisível sim, para quem nunca ouviu falar dela”. Para nós, todavia, ela é a imagem da própria casa-livro erguida pelo também pintor Chico Lopes. Sua qualidade e solidez são  antídotos à banalização da literatura, onde o vale tudo acaba por nada valer. Aos contos, pois. É ler para crer.”  - Antônio Carlos Secchin  - escritor, poeta, crítico literário e membro da Academia Brasileira de Letras.
“O conto praticado por Chico Lopes é o clássico. Aquele que nos legaram os precursores pois deram-lhe substância narrativa. Narrativas com início, miolo e fim bem elaborados de forma a causar o ‘singular efeito único’ a que Edgar Allan Poe se referia, ou decorrente de uma epifania (como praticou Maupassant) ou ainda o intimista e nutrido de silêncios a maneira de Tchekhov ou Graciliano Ramos. E sem deixar de lembrar ainda que ao lado dessas feições elencadas aparecem no autor desta coletânea os irresistíveis apelos à cumplicidade do leitor proporcionados pela sugestão oblíqua e dissimulada como tão bem fez Machado de Assis.”
“...Lopes é autor com longa estrada literária (a conferir nas orelhas da obra), dono de um estilo sóbrio e contido que não renuncia ao brilho do fraseado, esforçando-se na busca daquela unidade básica de modulação e desenvolvimento que Anton Pavlovitch Tchekhov aconselha. Vai urdindo suas ficções, aprimorando revelações (muito delicadas e tênues como propunha E H Bates) até que iluminem cada vez mais o instante crítico, unindo as pontas do leque para que a impressão inicial se revigore nas palavras do fecho. O resultado é sempre o êxito no insight escolhido, o mergulho existencial profundo. É preciso muita prática e talento para bater em portas fechadas, abrir espaços à sugestão que os relatos de quadros íntimos nos mostram através de ambiguidades, ambivalências, ou em impressões fortalecidas numa emoção muitas vezes apenas dedilhada.
Positivamente o leitor sentirá gratas surpresas ao observar os narradores de Lopes assumirem certa atitude irônica, onde expõem problemáticas com uma sutileza tal que acaba nos comovendo e reivindicando inevitavelmente reflexões acerca da condição humana. A ironia é força eficiente na abordagem de questões tão graves como as que vivemos atualmente. Curioso que ao escrevermos essas palavras os personagens dos contos inesquecíveis presentes nessa coletânea saltam-nos na memória.” - Krishnamurti Góes dos Anjos.
O lançamento será na segunda-feira 12/08 em Sampa no Bar Balcão – Rua Dr. Melo Alves nº 150 – São Paulo – Quem não puder ir, encontra a obra para compra e pronta entrega em: https://www.laranjaoriginal.com.br/product-page/a-passagem-invis%C3%ADvel



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Chico Lopes (Francisco Carlos Lopes) nasceu em 6 de maio de 1952 em Novo Horizonte. Em sua cidade natal, ficou conhecido como pintor e jornalista cultural, mas foi em Poços de Caldas, em 2000, aos 48 anos, que teve sua estreia nacional como escritor, publicando o livro de contos Nó de sombras. Depois dele, publicou em 2004 os contos de Dobras da noite e Hóspedes do vento em 2010. Em 2012 teve seu romance de estreia, O estranhono corredor, premiado com um Jabuti, e sua carreira prosseguiu em vários gêneros (biografia, ensaio, poesia, romance), tendo também se dedicado a traduções de autores como Henry James, Nathaniel Hawthorne e Edith Wharton, entre outros. A passagem invisível, seu retorno aos contos, é o décimo quinto livro de sua carreira.


Krishnamurti Góes dos Anjos. É escritor e pesquisador. Autor de: Il Crime dei Caminho Novo – Romance, Gato de Telhado, Um Novo Século, Embriagado Intelecto e outros contos  e Doze Contos e meio Poema. Tem participação em 22 Coletâneas e antologias, algumas resultantes de Prêmios Literários. Possui textos publicados em revistas literárias na Argentina, Chile, Peru, Venezuela, Panamá, México e Espanha. Seu último livro publicado pela editora portuguesa Chiado, – O Touro do rebanho -, obteve o primeiro lugar no Concurso Internacional de Literatura da União Brasileira de Escritores UBE/RJ em 2014, na categoria Romance.


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