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Imagem: screenshot "Annihilation" |
VOZ
Telúrica-antropofágica
Acherontia atropos
Em voo psíquico-onírico
Mariposa posta
Em teus lábios.
MOIRAS
As moiras vêm à noite,
Montando frísios
Carregam víboras,
Anéis de prata,
Um olho e três destinos.
Coloquem as chaves
Nas fechaduras.
EURÍALE
Caí em águas negras
Ontem à noite,
Átrio aço maciço
Penetrando o breu.
Bestas bioluminescentes
Precipitavam-se ronceiras
Farejando os nós
Entre meus seios.
Miose,
Petrifiquei papilas e ardis
Avioletando a carne
Densa de cada lábio.
Euríale, transmutei a morte
Em meu chocalho dourado,
Circunscrevi muitos nomes
Em minhas escamas.
HERA
Vim de outras eras
Erva-daninha-brava,
Urtiga-vermelha,
Saliva sumo de
Comigo-ninguém-pode.
PARAPEITO
Há um gato
(li)malhado
Ao parapeito
Contemplando
O breu,
Eriça-me
A nuca.
FÊNIX
A urgência corrói
Minhas asas,
Pássaro em cinzas,
Reviverei
Em voo limpo
Peito de céu aberto,
Tenho feridas
Ressequidas
Pela fúria com que
Enfrento os dias_____________________________________
Aline Cardoso: Mulher Negra, Feminista, Mãe, Doula e Professora – Bruxa em tempo integral – nasceu em João Pessoa no dia 23 de Agosto de 1991. Estudou na rede pública de ensino de sua cidade durante a educação básica; Tornou-se mãe de Marina entre 2015 e 2016; Cursou especialização em Língua, Linguagem e Literatura entre 2016 e 2017; Graduou-se em Letras com habilitação em Língua Portuguesa pela Universidade Federal da Paraíba em 2018; Tornou-se organizadora do Sarau Selváticas – de autoria feminina – em 2017; Atualmente, cursa o Mestrado na área de Análise do Discurso pelo Proling – UFPB. Escreve para organizar e emaranhar ideias. A proporção áurea do caos, enquanto seu primeiro livro, é fruto de quase cinco anos de escrita, timidez, introspecção, descobertas e amadurecimentos, além de, é claro, simbolizar o rompimento com o título de engavetadora de poemas. Momentos e fragmentos da memórias estão agora eternamente livres, das páginas deste livro para o âmago dos leitores.