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"feixes de luz espreitando-se sob o verbo" - 4 poemas de Lucas Luiz

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"Transillumination of Childhood Memories", de Richard Saunders
ÊXODO

 
Deixo para trás as digitais da infância.
Os dedos pretos
& o frescor das amoras.
Deixo a consagração do ontem.

Aquieto-me miúdo
sobre o sol de Pasárgada.

Resta ainda alguma cor:
O menino sonha.
O tempo afaga.
A vida teima dar espaço.

Quem sou eu
para maculá-la? 
Arte de Greg Craola Simkins


LOGOS

Feixes de luz espreitando-se sob o verbo,
recolhidos, reverberam no caleidoscópio
da infância. Na cama, meus pais e eu,
êxtase caloroso dos braços. Em combustão,
um a um, todos os medos. Não haviam
fantasmas. Não haviam clarões de
discos-voadores. Nenhuma memória
amarelada implorando retoques sutis.
Apenas a brandura de existir sem
qualquer propósito.
"Creazione di Adamo", de Michelangelo
PREVIAM


O primeiro e o último homem
estão interligados
cavocando a luz primeva
da poesia.

A sensibilidade aflora-se
na espera:
por isso a passagem.

O mais bonito da existência
tem sempre tom
de despedida.
Incantata Art

PREITO
          
                              p/ Pietro Miguel

Ei-lo rochedo intacto:
nenhuma rasura temporal
ou impacto onírico.
Ei-lo pedra filosofal:
banhado em pureza,
ainda liberto das
marcas homéricas.
Ei-lo à margem de
sombras; desconhecido
o verbo, bendito fruto.



____________
Lucas Luiz nasceu em Guararema - SP, em 1991.  Iniciou publicando crônicas no “Jornal D’Guararema” e depois poemas no site de variedades “Guararema Tem”. Recentemente colaborou com as Revistas Literárias: Avessa,  Inversos, LiteraLivre e Ser Esta. Participou da Antologia “Além do céu, além da terra” da editora Chiado. Segue sem exceder o limite de municípios. Ou já o fez sem que ninguém perceba.


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