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palavras às margens do céu – a poesia de Rudá Ventura

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Arte: Vladimir Kush

ESTRO

És tu o Sol na aurora desigual,
Que alumia os sonhos em degredo,
Quando jaz o tempo, que me faz mortal
Ou eterno em teus braços, meu alento.

És a luz no breu que me toca a face,
Ou um sino na noite que me guia
A transpor em segredo o firmamento
E tornar à terra ao brilhar o dia.

És a vida breve que olvida a morte
Ao tornar perene um segundo.
És o som do Mar num arfar profundo,
Ordenando à areia em silêncio minha sorte.


 ÀS MARGENS DO CÉU

Há uma vela que o horizonte ilumina
E um manto de aurora que reclina sobre nós.
Há um vale sob a pele do asfalto
E um canto que ecoa em silêncio,
Por dias se ouvindo
Às margens do céu.

Hoje acordamos com um sonho,
Amanhã despertaremos sem vida.
Há o infinito num instante de aurora
E ainda há luz nos dias sem sol.

Há um futuro que agora amanhece sobre nós
E há um canto que nos guia em silêncio,
Por dias seguindo
Às margens do céu.
LINHAS NA RELVA

Vejo os campos com a mesma clareza
De quem lê as linhas da própria mão.
Gravo meu destino sobre a relva
E deixo que a terra sinta meus passos,
Antes mesmo de eu trilhá-los.

Sigo um caminho sem paragens
E apenas sobre o horizonte
Eu ergo minha morada.

Levo tudo o que meus olhos retêm
E entrego aos bosques
Minha alma em rama.

Eu beijo a rosa, eu toco a chama...

E vivo o infinito em instantes,
Porque assim é a eternidade
Pra quem ama.



______________
Rudá Venturaé poeta, músico e educador paulistano. Autor do livro “Preamar”, lançado em 2017 pela editora Laranja Original, tem poemas publicados também em revistas literárias do Brasil e de Portugal. Encontrou na música a oportunidade de estender sua linguagem poética, tornando-se cantor e compositor. Comprometido com a arte-educação, realiza palestras e apresentações de poesia recitada em escolas e eventos literários.


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