Seis Poemas de Cláudia Iara Vetter
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Ilustração de Nestor Jr. |
Equinócio
Tempo de renascer
entre as folhas
Desaguar sob as poças
que o tempo tem ofertado
Vê janela a fora
como o frio
nos impulsiona
a sentir o corpo cálido
Vibrando nas linhas
do trajeto solar
Até que o crepúsculo
pinte o céu de vermelho
Enquanto o sangue
pulsa a dor e a alegria
de viver
verdade a dentro.
entre as folhas
Desaguar sob as poças
que o tempo tem ofertado
Vê janela a fora
como o frio
nos impulsiona
a sentir o corpo cálido
Vibrando nas linhas
do trajeto solar
Até que o crepúsculo
pinte o céu de vermelho
Enquanto o sangue
pulsa a dor e a alegria
de viver
verdade a dentro.
……………...
Testamento
Aqui jaz o tempo
que percorreu
florescendo ipês
e desenhando rugas
Desfigurando
os amantes da memória
Para reinventar
seu enredo
Enquanto é preciso
olhar as fotos
Para lembrar os detalhes
de um sorriso passado
Seu testamento
é um poema
Forjado à luz do sonho
e embriaguez do devaneio
Incinerando o território
para construir um inventário
Das narrativas
sobre nós mesmos.
que percorreu
florescendo ipês
e desenhando rugas
Desfigurando
os amantes da memória
Para reinventar
seu enredo
Enquanto é preciso
olhar as fotos
Para lembrar os detalhes
de um sorriso passado
Seu testamento
é um poema
Forjado à luz do sonho
e embriaguez do devaneio
Incinerando o território
para construir um inventário
Das narrativas
sobre nós mesmos.
……………...
Oamor nos tempos de resistência
Amor não tem cor
não tem gênero
não tem sexo
Amor não tem rótulo
não tem manual
não tem decreto
Amor
é por direito
e por efeito
da vida
Amor não é defeito
não é aberração
e nem castigo
Amor não é opressão
não é dominação
não é posse
Amor é liberdade
desde o nascimento
Ao descobrimento
de ser o que se é
Amor não é preconceito
não é julgamento
não provoca rancor
Amor é vibrar junto
consigo mesmo
Enquanto se deseja
o bem-querer do outro
Amor não é modismo
não é prescrito
não é doença
Amor é escolha
de quem decidiu ser feliz
e ponto
Amor é abundância
Fruto da plenitude
que se partilha
Pura poesia
que supera rimas
E fortifica os dias
E mesmo na tempestade
Não importa
o quão cinza
estejam os dias
O amor é resistência
que branda luz
E há de espalhar cor
por todos os caminhos.
……………...
Vênus à janela
A palavra
tem profundidade pouca
Para expressar a poesia
que emerge de teus traços
Faz-se luz
entre os finos fios dourados
Brota a selvática natureza
à cor latente de teus olhos
Revelando
a imensidão que se espreita
A cada centímetro
da margem dos braços atingida
Desconstruindo
a métrica do enunciado
Ressignificando
a lógica dos sentidos
Como quem pisa firme
do pó à lama
Sem temer
a profundidade dos caminhos
Enquanto Vênus
nos espreita da janela
O horizonte nos indica
que o infinito é um destino possível
Àqueles que
se permitem amar
antes do amanhecer
do desconhecido.
tem profundidade pouca
Para expressar a poesia
que emerge de teus traços
Faz-se luz
entre os finos fios dourados
Brota a selvática natureza
à cor latente de teus olhos
Revelando
a imensidão que se espreita
A cada centímetro
da margem dos braços atingida
Desconstruindo
a métrica do enunciado
Ressignificando
a lógica dos sentidos
Como quem pisa firme
do pó à lama
Sem temer
a profundidade dos caminhos
Enquanto Vênus
nos espreita da janela
O horizonte nos indica
que o infinito é um destino possível
Àqueles que
se permitem amar
antes do amanhecer
do desconhecido.
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Da passagem pelo rio
Na travessia dos dias
a subjetividade e a vaguidão
Pintam o quadro dos instantes
na inspiração da ventania
Ensina o traço da vez
ao observar o trânsito das nuvens
Ouvindo o canto da aurora
pela boca dos passarinhos
Enquanto o olhar divaga
no horizonte
A rocha oferta a permanência
em troca da presença
E a fluidez vira o mestre
do tempo
do espaço
da partilha universo adentro
Florescendo hortências
entre dias enuviados
Na partilha da esperança
cor de sol e céu azul.
a subjetividade e a vaguidão
Pintam o quadro dos instantes
na inspiração da ventania
Ensina o traço da vez
ao observar o trânsito das nuvens
Ouvindo o canto da aurora
pela boca dos passarinhos
Enquanto o olhar divaga
no horizonte
A rocha oferta a permanência
em troca da presença
E a fluidez vira o mestre
do tempo
do espaço
da partilha universo adentro
Florescendo hortências
entre dias enuviados
Na partilha da esperança
cor de sol e céu azul.
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Há vida enquanto há agora
A matéria
não alcança
A transcendência
que se adianta
não alcança
A transcendência
que se adianta
Na vida
diluída
Em dor, medo
Sonho-espanto
diluída
Em dor, medo
Sonho-espanto
Passa em um suspiro,
antes da voz
Que não se ouve
(Mas ecoa)
antes da voz
Que não se ouve
(Mas ecoa)
Aquarelando o céu
com este irônico contraste
Aos olhos
Que fechaste
com este irônico contraste
Aos olhos
Que fechaste
Como uma porta
aberta para o infinito
Sai o adeus,
fica a memória.
aberta para o infinito
Sai o adeus,
fica a memória.
……………...
Cláudia Iara Vetter nasceu em Blumenau, Santa Catarina, em agosto de 1990. Lançou o primeiro livro O Retrato da Nudez Eólica pelas editoras CBJE/RJ (2009) e Liquidificador Produtos Culturais/SC (2011). Seusegundo livro de poesias, chamadoDesata nós(2018), foi publicado pela editora 3 de Maio/SC (2018).
Acompanhe as notícias e as novidades da autora pelo http://linhaepoesia.blogspot.com