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tessituras da calidez e do desejo nos poemas de Lourença Lou

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“Intensity”, de Ines Honfi

tempestades

podia morrer tranquilamente
a cada orgasmo

mas não

um orgasmo
se agarra ao outro
e o elo de uma cadeia
se forma
numa mistura 
de líquidos
tempestades em agonia

no embate da respiração 
descubro
: é sempre tarde para ressuscitar delicadezas

tenho jeito escandaloso de felicidade.


“Sands of Time”, de Marian Voicu

muito além de memória

onde finais deveriam escorrer
como chuva em fins de tarde
- uma quentura úmida

onde dor deveria apenas
incomodar os ponteiros do relógio
- uma alfinetada no tempo

onde morte não deveria ser
este aperto ilimitado
- linha de infinitos desconhecidos

e
onde vida deveria se plantar além
muito além de memória 
neste espaço chamado eternidade.


“Passion”, de Robert Szczebiot

erupções

entre o olho e o desejo
o corpo
exalando ardor

na mente
um vulcão de minúcias
agulhas
fazendo borbulhar
gozo pelos poros

entre a palavra e a tinta
ardor
de prender a vida no papel


“Free Falling Dream”, de Richard Davis

ao amor que insiste

nunca soube
arrancar do meu corpo
as digitais da tua presença

nem costurar
os rasgos
de tua língua em minha alma

guardar-te assim
é fazer aumentar
as nódoas em meu sangue
e saber
que um dia enfartaremos
:
eu e esta saudade.


____________
Lourença Loué mineira, poeta e escreve compulsivamente. Publicou dois livros de poemas – “Equilibrista” e “Pontiaguda” - pela Editora Penalux. Talvez publique mais poemas ou vire contadora de histórias. Sua grande certeza é ser eterna leitora.
Contato: loulourença@gmail.com / www.facebook.com/loulourenca



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