Tales de Mileto
Aqui de
dentro
espreito
o Ser –
tudo é
Água
aquém
de mim
Dentro
de mim
tudo me
olha
tudo se
molha
além de
mim
Anaxímenes de Mileto
O Ar
vasto
traz
em si
diversos
nomes
Heráclito de Éfeso
Se o Um
se move
então
existe
surge e
some
em um
segredo
Parmênides de Eleia
Se o vento
esculpe
e a tarde
entece
nada muda −
Um é sempre
o mesmo
Empédocles de Agrigento
Um ao outro
desunidos −
Ar e Terra
Fogo e Água
Seja o sopro
que os revela −
caos no caos
resolvido
Anaxágoras de Clazômenas
Cabe ao olho
ver na estrela
o que há de
mais contido
Logo o éter
se dilata –
em meio
ao mar um
novo mar
já esquecido
In: Prática do azul (Lumme, 2009).
In: Prática do azul (Lumme, 2009).
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Jorge Lucio de Camposé poeta, ensaísta e professor da ESDI/UERJ. Publicou os ensaios Do simbólico ao virtual (1990), A vertigem da maneira (2002), A travessia difícil (2015), Lembretes filosóficos para jovens sábios (2017), O império do escárnio (2017) e as coletâneas Arcangelo (1991), Speculum (1993), Belveder (1994), A dor da linguagem (1996), À maneira negra (1997), Prática do azul (2009), Os nomes nômades (2014), Sob a lâmpada de quartzo (2014), Paisagem bárbara (2014), Através (2017), Véspera do rosto (2017) e O triunfo dos dias (2018).