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Fonte: www.pragmatismopolitico.com.br |
Sigilo
Penso o amor em três atos:
Horizonte
Pálpebras baixando
Mãos que se entrelaçam, dançando.
Penso o amor em dois atos:
A pele suada
O fôlego por um triz
Penso o amor em um ato:
A palavra que não se diz.
Esse tráfego doméstico
De silêncio em silêncio
- em pequenos sustos -
vai se construindo nosso amor
diário.
Os cômodos da casa ainda são grandes,
como eram grandes os cômodos das casas
antigamente.
E mesmo assim nos esbarramos
de cômodo em cômodo,
esse tráfego doméstico.
Passa por mim sem me olhar e deixa sua mão
aleatoriamente
em algum lugar de meu corpo,
propositadamente.
Sei mais de você por esses encontrões e silêncios
que o seu sorriso, talhado na lida
do mundo das relações.
Seu sorriso:
Pequenos silêncios, pequenos encontros.
E o amor se erguendo no ar.
E o amor se entornando no chão.
Kaio Carmonaé poeta e professor de literatura. Doutor em Estudos literários pela UFMG, autor dos livros Um lírico dos tempos (Scortecci, 2006) e Compêndios de amor (Scriptum, 2013). Vive em Belo Horizonte.