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de dentro dos brasis a fala do desterro e da saudade - poemas de Gustavo Guza

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DESTERRO

rio grande cheira peixe
o vento daqui é mais forte
o calor é de estrangeiro
o sotaque quebrado
aqui sou mais caipira
um produto de curiosidade e sarro
o ar é diferente as pessoas e paisagens
são diferentes até o troco é
venho de uma cidade sem nome
sem federais
o sonho também destrói
a esperança também é atroz
depois dos vinte anos nada é como antes
se segue um caminho de pedras caminho inútil
caminho besta de gente como eu.








PALAVRA PORTUGUESA

a sensação de nascer errado
embora anacrônica
continua

escuto a música
de outro tempo
e tenho saudade

tenho falta daquilo
que não foi meu

nasci
na nostalgia
no tempo
do belchior sumido

mas seus discos ficaram aqui.






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Gustavo Guza nasceu em Itaí, no interior de São Paulo. Reside atualmente em Rio Grande, RS, onde cursa letras pela Universidade Federal do Rio Grande – FURG. Publicou dois livros, o primeiro, de contos, Embora o mundo tivesse cor (Multifoco, 2014) e o segundo, de poemas, Oitenta e três idades (Clube do Autor, 2016). Teve textos publicados em revistas e blogs, como as revistas literárias Desenredos e Bacanal.


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