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as palavras como noites consteladas nas traduções de Lídia Rogatto: poemas de Jocelyne Felx e Ali Ahmad Said Esber

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Daniel Kordan, Altiplano, Salar de Uyuni, Bolívia, maio/2016




           UM POEMA DE JOCELYNE FELX



DONNER UN CIEL A LA PRIERE

Nous savons qu’il y a plus d’étoiles
Que de nuits
Leur immobilité désarme l’imagination

Nous savons l’inquiétude
Et lui attribuons une âme
Savons le monde entier
Dans ses lignes ses creux ses surfaces
Ses entailles de pierres

Mais la nuit nous perdons le sens de l’espace
La pensée s’épanouit
Se détend ailleurs

Nous savons que nous sommes
À la fois dans le temps et dans l’idée
Entre les vivants et les morts
Et que nous filons notre laine
Au coin de la folie humaine
Mollement assis entre la vérité
Et l’erreur.

(Jocelyne Felx,em « La question de Nicodème », Les Éditions du Noroît, 2000)       





OFERECER UM CÉU À ORAÇÃO

Nós sabemos que existem mais estrelas
Do que noites
Sua imobilidade desarma a imaginação

Nós conhecemos a inquietude
E lhe atribuímos uma alma
Conhecemos o mundo inteiro
Suas linhas seus buracos suas superfícies
Seus entalhes de pedras

Mas à noite nós perdemos a noção de espaço
O pensamento desabrocha
Se afrouxa para outro lado

Nós sabemos que nós somos
Tanto temporais quanto imaginários
Entre os vivos e os mortos
E que tecemos nossa lã
No limiar da loucura humana
Languidamente sentados entre a verdade
E o erro.






Daniel Kordan, Altiplano, Salar de Uyuni, Bolívia, maio/2016




DOIS POEMAS DE ALI AHMAD SAID ESBER (“ADONIS”)



A LAND OF NO RETURN

Even if you return, O, Odysseus;
Even if spaces close around you,
And the guide is burnt to ashes
In your bereaved face
Or your friendly terror,
You will remain a history of wandering,
You will remain in a land of no promise,
You will remain in a land of no return.
Even if you return,
O, Odysseus.

[Traduzido para o inglês por Kamal Abu-Deeb]



UMA TERRA SEM REGRESSO

Ainda que regresses, ó, Odisseu;
Ainda que os espaços estreitem junto a ti,
E o guia se reduza a cinzas,
Em tua face lúgubre
E em teu terror amistoso
Tu continuarás uma história errante
Tu continuarás uma terra sem esperança
Tu continuarás uma terra sem regresso.
Ainda que regresses,
Ó, Odisseu.






THE PRESENCE

I open a door unto the Earth
And set ablaze the fire of presence,
In the clouds intersecting
Or trailing one another,
In the ocean and its infatuated waves,
In the mountains and their forests,
And in the rocks,
Creating for the pregnant nights
A homeland
In the ashes of the roots,
In the fields of songs,
In the thunder and thunderbolts,
And feeding to the fires
The mummies of the ages.

[Traduzido para o inglês por Kamal Abu-Deeb]



A PRESENÇA

Abro uma porta dentro da Terra
E incendeio o fogo da presença
Nas nuvens que se entrelaçam
Ou se escoltam,
No oceano e suas ondas enfeitiçadas,
Nas montanhas e suas florestas,
E nos rochedos.
Para as noites grávidas eu crio
Uma pátria
Com as cinzas das raízes,
Nos campos das canções,
Aos trovões e relâmpagos,
Enquanto alimento os fogos
Com as múmias das eras.


_______________
Lídia Rogatto nasceu em Londrina, em 1989. É graduada em Comunicação Social pela Faculdade Cásper Líbero (2011), especialista em Inglês pela Universidade Federal de Minas Gerais (2013), mestre pelo Instituto de Estudos da Linguagem (Unicamp, 2015) e especialista em Tradução (DBB, 2017). Trabalha nos pares francês-português e inglês-português, e é revisora.


Jocelyne Felxé uma crítica literária, poeta e romancista de Quebec, nascida em Saint-Lazare de Vaudreuil em 2 de janeiro de 1949. Estudou literatura francesa na Université de Montréal e na Université du Québec à Chicoutimi. Deu vários recitais de poesia com o ator e diretor Jacques Crête. Desde 1988, atua como crítica de poesia na revista Letters Québécoises. recebeu o Prêmio Émile-Nelligan em 1982 por Orpailleuse. Em 1989, ela ganhou o Prêmio Literário Gérald-Godin por Les Pavages du Désert. La Pierre et les Heures foi finalista do Prix du Gouverneur Général de 1996. É membro da União de Escritores e Escritores de Quebec.


Ali Ahmad Said Esber (“Adonis”), poeta sírio-libanês, crítico literário, tradutor e editor, figura altamente influente na poesia e literatura árabe de hoje. Adonis combina em seu trabalho com o profundo conhecimento a poesia árabe clássica e a expressão revolucionária e modernista. Como vários escritores do Oriente Médio, Adonis explorou o pão do exílio - "Eu escrevo em uma língua que me exila", disse ele.


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