Koi-san de caneta carvão
lavrando versos rupestres
na gruta do desejo
por Tchitundo-Hulu o paraíso
O corpo é volúpia de página
banhada de sensações
Da mulher posso amar a sombra
ou contemplá-la translúcida
rasgá-la com pedra lascada
caçador Paleolítico
de querer antigo
Verso do cancioneiro kwanyama
aforismo da filosofiaIbinda
corpo de argila modelada
por um soba Lunda
«CORPO DE ARGILA»
lavrando versos rupestres
na gruta do desejo
por Tchitundo-Hulu o paraíso
O corpo é volúpia de página
banhada de sensações
Da mulher posso amar a sombra
ou contemplá-la translúcida
rasgá-la com pedra lascada
caçador Paleolítico
de querer antigo
Verso do cancioneiro kwanyama
aforismo da filosofiaIbinda
corpo de argila modelada
por um soba Lunda
«CORPO DE ARGILA»
Ela vinha numa taça
eu vinho de palmeira
ou de volúpia
Sobuma azeda luz
de limão ao sol
o amarelo das gajajas
a rolandar a língua
chamada desejo
«COCKTAIL AFRICANO»
eu vinho de palmeira
ou de volúpia
Sobuma azeda luz
de limão ao sol
o amarelo das gajajas
a rolandar a língua
chamada desejo
«COCKTAIL AFRICANO»
E prende os cabelos
exibindo na montra da arte
tua negritude
teu pescoço girafa
Na idade da chuva os fis
do teu corpo bronzeado
solta-te no barroco das tranças
num poema natural
kizombandando surrealmente
Oh! Menina das noites luandinas
deixa-me morder cada polpa de laranja
perdida no simbolismo dos lábios
Umbigo de ilha cercada
de poesia em fogo
me solta me prende ou me queima
em sonhos concretos vanguardistas
e num existencialismo sem Sartre
acabo contigo na Lua
e o resto é maçã
«MOVIMENTOS POÉTICOS»
exibindo na montra da arte
tua negritude
teu pescoço girafa
Na idade da chuva os fis
do teu corpo bronzeado
solta-te no barroco das tranças
num poema natural
kizombandando surrealmente
Oh! Menina das noites luandinas
deixa-me morder cada polpa de laranja
perdida no simbolismo dos lábios
Umbigo de ilha cercada
de poesia em fogo
me solta me prende ou me queima
em sonhos concretos vanguardistas
e num existencialismo sem Sartre
acabo contigo na Lua
e o resto é maçã
«MOVIMENTOS POÉTICOS»
Por entre os flutuandantes celestiais jardins
doutro Jesus-além
repousa na sombra do lapso
o verso que me beija com mil Judas
Esponjoso versículo
por entre os sagrados blocos
Nas catedrais a embriagada Lua anda
Reina no mais belo poema
ou na infinita perfeição de um éden
alguma coisa como qualquer coisa imperfeita qual réptil falante
Caminham pelas infinitas tubagens do sentir
alguma loucura governada pelo absurdo
uma multidão de seres triviais
autónomosobjectos em movimentos marginais
esferográbraços
poemas com pés de andar
mas a imperfeição é um paraíso
encontrado num pestanejar
«Talvez versos Judaicos»
Vagueias-me entre avenidas
arteriais e cidades poemáticas
ou me desces pelos contornos de ti
arranhando corrimões de desejos
em teus satânicos divinolhos
brotam rosados e espinhosos mistérios
bem se pode dizer não és daqui
Em tuas retinas repousam dois reluzentes diamantes
subtraem-se jasmins e malmequeres
nas somas dos teus aromas
multiplicam-se restos de naufrágios
de orquídeas e de rosas
Em teus beijos descansam forças sobrenaturais
todo o herói é cobarde
ante o fogo que trazes entre as pernas
todo o homem é criança a embalar em teus braços
bem se pode dizer não és daqui
Descendes de uma terra sombria
ou de um paraíso desconhecido?
Solitária caminhas em terras desoladas de Eliot
plantando deuses e diabos na minha alma
«NÃO ÉS DAQUI»
arteriais e cidades poemáticas
ou me desces pelos contornos de ti
arranhando corrimões de desejos
em teus satânicos divinolhos
brotam rosados e espinhosos mistérios
bem se pode dizer não és daqui
Em tuas retinas repousam dois reluzentes diamantes
subtraem-se jasmins e malmequeres
nas somas dos teus aromas
multiplicam-se restos de naufrágios
de orquídeas e de rosas
Em teus beijos descansam forças sobrenaturais
todo o herói é cobarde
ante o fogo que trazes entre as pernas
todo o homem é criança a embalar em teus braços
bem se pode dizer não és daqui
Descendes de uma terra sombria
ou de um paraíso desconhecido?
Solitária caminhas em terras desoladas de Eliot
plantando deuses e diabos na minha alma
«NÃO ÉS DAQUI»
Eis o filho dos critérios políticos
O mal educado
com raiva canina
com teias salivares por entre o discurso
gesticulando o dedo médio
Pintando as nádegas com panfletos antigos
Ei-lo nu em perfeitas acrobacias na assembleia nacional
Exibindo o monstro de olhos grossos fumando cigarro
Pro testando qual democracia
«EXIGINDO NADA»
Ilustrações: Jorge Gumbe
Hélder Simbad (Helder Silvestre Simba André), nasceu aos 13 de Agosto de 1987, na província de Cabinda, em Angola. É licenciado em Línguas e Administração pela Universidade Católica de Angola; professor de Literatura Africana no ICRA. É Coordenador Geral e membro co-fundador do Movimento Litteragris. Tem poemas, contos e artigos publicados em jornais, revistas e sitesnacionais e internacionais. Vencedor do prémio Literário António Jacinto 2017 e terceiro Classificado do concurso literário internacional realizado pela Academia Internacional De Artes, Letras E Ciências em 2017 na categoria de poesia. Publicou em 2017 a obra Enviesada Rosa e em 2018, a obra Insurreição dos Signosem Portugal.
Facebook: Hélder Simbad