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PROSA DE FELIPE GIOVANONI

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Non-sens et les Néréides


Hoje, Nereidas alvas relvem plenas e risonhas nos gramilvos. Soltas leves e serenas nos gramilvos.
Sapateiam dançarinas as mãos sobre o teclado, como as brancas bailarinas. Saltitam feias, mas soltas. Ágeis, pois belas. Plenas são, então feias.
Sobre os lençóis d’água nascem as frequências. Como gotas no lago propagam-se as ondas na própria tranquilidade. A música é a essência da tranquilidade.
Quando se transmuta em ansiedade, serena, esta plena tranquilidade já não é assim mais tão plena. Raiva e ódio podem dali emergir. Sim, podem! Não nascem, porém no ego do pianista ele próprio, o mestre condutor, regente das mãos bailarinas.
Não é a mão que toca o som. É a alma que canta através das pesadas teclas, pisadas pelas doces bailarinas. Nereidas plenas, elas plenas, suas almas: tensas.
Tensas do sabor, do fulgor! Tensas do poder d’O Homem, O Mestre.
Maestro, ele conduz. Sábio, lê e ouve a música. Vê o som. Nasce com ele e morre com o seu cortar. Treme à sua interrupção. Não teme, porém, a Morte. Ah, essa ele não teme!
Ri da morte. Abraça-a como a uma querida irmã. Acolhe-a como uma enviada de Deus. Ela é quem conclui. Dela ele recebe o chamado e para ela, ele toca: toca o acorde final.
Estremece. Pára. Sofre ligeiramente, mas logo em seguida está em paz
É o silêncio. O silêncio ds belas Nereidas, para que tornem elas a relvar. Plenas novamente, castas e serenas, alvas ao vento e frias e pequenas sob o luar. Dorme o mar Oceano sob o murmurar de suas ondas. N’Ele sepultam as dançarinas Nereidas seu maestro. Nele mergulham, e sepultam a vida da alma que pára já de cantar.
Tristes Nereidas, suas lágrimas salgadas é que enchem o triste mar. O senhor Oceano, sepulcro das pobres almas que já não podem mais por elas cantar.



fotos: arte deÚna Burke


*    *    *


Felipe Q. Giovanoni é Analista de Sistemas e acadêmico de Ciência da Computação, na Universidade de Passo Fundo. Tendo sido iniciado nas letras desde cedo pela família, é amador e escreve pela pura arte da prosa. Sua publicidade não é expressiva, e nem espera que seja. A maioria dos seus trabalhos são contos fantásticos e ensaios que publica em seu modesto blog Le fils de l’homme.




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