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Tudo vale tão pouco
você é muito pornográfica pela manhã, colocando aquele lp do tim maia de setenta e seis, pedaço de palheiro de menta na boca, as ancas carnudas, a calcinha socada separando teus lados, você diz que é metade minha e outra metade é da lua. meus olhos de dromedário louco berram, eu preparo o café e torradas com orégano. você sempre diz: eu sou antropofágica, eu não como, tenho fome em horários incertos. eu falo que a vida é uma dureza, e você balbucia: nossa transa é uma serpente que envenena o mundo, e ser feliz é muito oco; eu vejo você correndo pro samba, e você sabe que sempre morre alguém por lá. por que não rega mais os narcisos na varanda? por que teu braço é uma arapuca brutal? por que diz que meu pau não é mais aroeira, vidinha? por que tenho saudade das putas de outubro? por que?
você é muito pornográfica pela manhã, colocando aquele lp do tim maia de setenta e seis, pedaço de palheiro de menta na boca, as ancas carnudas, a calcinha socada separando teus lados, você diz que é metade minha e outra metade é da lua. meus olhos de dromedário louco berram, eu preparo o café e torradas com orégano. você sempre diz: eu sou antropofágica, eu não como, tenho fome em horários incertos. eu falo que a vida é uma dureza, e você balbucia: nossa transa é uma serpente que envenena o mundo, e ser feliz é muito oco; eu vejo você correndo pro samba, e você sabe que sempre morre alguém por lá. por que não rega mais os narcisos na varanda? por que teu braço é uma arapuca brutal? por que diz que meu pau não é mais aroeira, vidinha? por que tenho saudade das putas de outubro? por que?
Cedo Tardar
vim de longe
gritar seu nome
fiz a mala
& os deuses pagãos
me deram araras azuis
pra enfeitar seu cabello
vim de longe
fiz mapa pro acaso
financiei um trator
pra arar nosso futuro
vim de longe
& meus elogios são as nuvens
pois, a lembrança usa vestido
de jabuticabeira
vim de longe
confeccionando um chapéu
de bijuterias
pra guardar nossas ideias em dias de chuva
& das noites que temos pra se morrer em paz.
gritar seu nome
fiz a mala
& os deuses pagãos
me deram araras azuis
pra enfeitar seu cabello
vim de longe
fiz mapa pro acaso
financiei um trator
pra arar nosso futuro
vim de longe
& meus elogios são as nuvens
pois, a lembrança usa vestido
de jabuticabeira
vim de longe
confeccionando um chapéu
de bijuterias
pra guardar nossas ideias em dias de chuva
& das noites que temos pra se morrer em paz.
Quando eu não me habito
não vou mais ser o seu domingo
hábitos são vasos quebrado
eu sei, você fala que não é bem assim
mas, eu venderia minha alma pra te esquecer
porém você se veste tão bonita
seu gemido é anestesia
o rosto é tão brutal quando morde frutas cítricas na beirada da cama
você reclama que as luzes estão sempre apagadas
que velas só servem pra exus
eu sei, você fala que nosso amor ainda está no cio
mas, falta coragem, falta chuva quando a gente deita
você pede calma
& ri como quem chora
a estrada é uma mentira
só queremos esquecer da vida
irmos embora
y isso é tão normal.
hábitos são vasos quebrado
eu sei, você fala que não é bem assim
mas, eu venderia minha alma pra te esquecer
porém você se veste tão bonita
seu gemido é anestesia
o rosto é tão brutal quando morde frutas cítricas na beirada da cama
você reclama que as luzes estão sempre apagadas
que velas só servem pra exus
eu sei, você fala que nosso amor ainda está no cio
mas, falta coragem, falta chuva quando a gente deita
você pede calma
& ri como quem chora
a estrada é uma mentira
só queremos esquecer da vida
irmos embora
y isso é tão normal.
Ilustração: deviantART
Ubirathan Do Brasil é licenciado em Filosofia e bacharel em Psicologia. Atua como compositor, editor e colunista do Jornal Literário Elefante de Menta e publica novos autores pelo selo Editora Carrancas. Publicou Haicai na Marginal Arthur Nonato, 2012, pela BAR EDITORA e Onde foram parar meus guarda-chuvas, 2015, pela Bartlebee livros, seguido de um audiobook "para deficientes visuais e leitores preguiçosos". Tem textos publicados em mallarmargens revista de poesia & arte contemporânea, Subversa revista literária especializada no eixo Brasil-Portugal , jornal RelevO de Curitiba, Revista Flanzine de Portugal, participou da programação do FLIV (Festival Literário de Votuporanga) e foi um dos escritores selecionados para o a revista BREU do Sesc Rio Preto. Participou do projeto "Trovadores do Miocárdio" ao lado de Xico Sá, Mario Bortolotto, Tavinho Paes, Julio Barreto, Felipe Leprevost e Fausto Fawcett. O autor publicou seu terceiro livro de poema O Amor é um Búfalo,pela Bar Editora.
