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5 poemas de Jean Narciso Bispo Moura

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Ilustração: Dariuz Klimczak


desespero temporal

o tempo envelhece na pele da humanidade
os séculos descansam no colo do milênio
o tempo envelhecido caça rã tartaruga
e borboleta
a palavra como fiel secretária
redige entre uma pincelada e outra
a tênue escritura de um só homem


pensamento de um aeronauta

quantas horas de voo
em tua cama
se eu fosse piloto
 já estaria dirigindo grandes aeronaves


incesto

o pavio e a gasolina
deitam na incestuosa cama de fósforo
o ato de dormir
engendra um amarelo que queima

a cor nazarena se vê consumida
pelos olhos negros e tristes
que vê o amarelo
levar num arrebatado abraço
o pouco do verde esquecido no rosto


ngua postiça

por que tenho tanto receio
do que está por detrás
da clandestina figura mitológica?
a sua língua postiça
nunca produzirá diálogo
para pôr luz no litigioso enigma


loucura

mar se eu te virar
de cabeça para baixo
tu serás o meu céu
pena que ficarei molhado




Jean Narciso Bispo Moura (1980). Poeta, natural de São Félix-BA e reside atualmente em Suzano-SP. Estreou em livro no início dos anos 2000, com o título A lupa e a sensibilidade, também é autor de 75 ossos para um esqueleto poético (2005); Excursão incógnita (2008); Memórias secas de um aqualouco e outros poemas (2011)” e Psicologia do efêmero (2013). Tem poemas publicados na Germina, Blecaute, Antonio Miranda, Canal Subversa, Blog do Noblat etc.



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