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Pedro Lyra: obra e trajetória - Academia de Letras de Volta Redonda

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PEDRO LYRA HOMENAGEADO NO LIVROVII Coletânea Século XXI

    Wladimir do Vale Lyra nasceu em Fortaleza-CE, a 28/01/1945. Foi professor da Faculdade de Letras da UFPb de 1970 a 1972; da Unifor, de 1973 a 1975; da UFC, de 1975 a 1981, quando se transferiu para a da UFRJ, onde ficou até aposentar-se, em 1997. Professor Visitante em universidades de Portugal (1986, 1990), Alemanha (1987) e França (1989-90, 1993), e pronunciou conferências nas de Lisboa e do Porto, de Bonn e de Colônia, de Viterbo e de Roma, e de Paris-III/ Sorbonne Nouvelle. Durante 10 anos, foi colaborador doJornal doBrasil (1976-85). Por cerca de 20 anos, a partir de 1984, coordenador da coleção Nossos Clássicos da Editora Agir. É sócio titular do PEN Clube do Brasil, seção do Rio. Ex-editor e atual membro da Comissão Editorial da revista Tempo Brasileiro. Colaborador do Jornal de Letras,Artes e Ideias e da revista Colóquio/Letras de Lisboa; e de Latitudes –Cahiers Lusophones, revista luso-francesa editada em Paris. Sua obra vem recebendo um acolhimento amplamente favorável da melhor crítica de nossa literatura, nacional e estrangeira. Mestre em Poética (1978), Doutor em Letras (1981), pela UFRJ, tem um Pós-Doutorado em Tradução Poética pela Sorbonne, onde atuou por 2 anos (2004- 2005) como “Chercheur Invité”. O poeta já tem 2 livros sobre sua poesia, ambos publicados pela Editora da UFC: Uma palavra marcada– Emoção e consciência na poética de Pedro Lyra, da poeta e professora Hermínia Lima, em 1999; e Uma poesia dialógica – Nove resenhas daobra de Pedro Lyra, do poeta e crítico Fernando Py, em 2003. E um terceiro a sair em breve: A construção do poema – Crítica genéticade 8 sonetos de Desafio e Ideações, organizado pelas professoras Eleonora Campos, da Faculdade Metropolitana São Carlos, em Quissamã-RJ/ Ingrid Ribeiro, do Instituto Federal Fluminense/IFF, em Campos-RJ; e Clesiane Benevenuti, de Cachoeiro do Itapemirim-ES.Compulsoriamente aposentado da UENF aos 70 anos, em 2015, continua em atividade como Professor Visitante/Titular de Poética nessa universidade.


ENTREVISTA

1-Diante da crescente relevância das mídias digitais, que novo cenário, em sua opinião, se desenha para a poesia, para a literatura brasileira?

Um ganho e uma perda. Ganhou um novo espaço de divulgação, mais acessível, nada dispendioso, mais dinâmico e mais comunicativo. Perdeu em aprofundamento e desenvolvimento, pois condicionou, particularmente as novas gerações, ao texto breve, nos limites do ciberespaço.

2-A constante crítica de que somos um país de poucos leitores, interfere de alguma forma em sua atividade?

Em nada. Certo que um poema nasce quando escrito, entra no mundo quando publicado, começa a viver quando é lido – mas só se afirma mesmo quando é comentado, criticado, historizado. E essa afirmação depende toda do leitor. Mas não há que se preocupar com ele: quem decide é o do futuro e o poeta não tem nenhum poder sobre ele. Tudo dependerá do texto em si. Se é bom, pode ser ignorado no presente: a História o resgatará. Há muitos exemplos.

3-O que a literatura de mais satisfatório lhe proporciona?

O mais decisivo do destino humano, e que pode não ser um desejo consciente, mas é uma exigência radical: a superação da morte. Minha Fortuna Crítica já me permite sonhar com esse ideal. Afirmei num artigo que 99,9% da humanidade nasce, vive e morre como se nem tivesse nascido. A arte proporciona a permanência ao longo da História.

4-Qual é, a seu ver, a função da literatura na sociedade?

Só uma: testemunhar. Toda a alta poesia é um tríplice testemunho do poeta: sobre si mesmo, sobre seu tempo e sobre a condição humana. O que varia é o grau de profundidade, de abrangência e de originalidade desse testemunho. Daí decorre o desnivelamento dos poetas – que se estende do medíocre (passando pelo dedicado, pelo mediano e pelo talentoso) até o genial.

5-O que acha desta homenagem a sua pessoa e obra aqui em Volta Redonda?

Num post no Facebook, relacionei os maiores prazeres literários do poeta. A lista chegou a 21 fatos! Um deles é justamente receber uma homenagem. Então, você acaba de me proporcionar um desses literários prazeres. Só tenho a agradecer-lhe por esta – esperando havê-la merecido... E correspondido à sua expectativa, pela generosidade do seu gesto, e da importância desse trabalho que vem realizando.



OBRA POÉTICA

Sombras – Poemas da dúvida / 1967
Doramor – Uma trajetória da paixão / 1969
Decisão – Poemas dialéticos / 1983; 2.ed.: 1985
Desafio – Uma poética do amor / 1991; 2.ed.: 2001; 3.ed.: 2002
Contágio – Poesia do desejo / 1993
Errância – Uma alegoria trans-histórica / 1996
Jogo – Um delírio erótico-metafísico / 1999
Confronto – Um diálogo com Deus / 2005
Argumento – Poemythos globais / 2006
Ideações – 30 Sonetos conceptuais / 2012
Poderio – Um poema jurídico em 75 Autos / 2013
Protesto – Estados de Ser / 2014
Situações – Mini-Anti-Parábolas da Civilização e da Ética / 2015
Plenidade – Poema-construção / Em elaboração

VANGUARDA

Poema-Postal / 1970

ANTOLOGIAS

Visão do Ser – Antologia poética / 1998
Vision de l´être – Anthologie poétique / 2000
50 Poemas escolhidos pelo Autor / 2005

SOBRE O HOMENAGEADO:

  Pedro Lyraé escritor de vocação plural. Poeta, ensaísta, pesquisador, sabe tudo sobre a arte do verso, e está sempre aberto ao diálogo, crítico e franco, seja com iniciantes, seja com veteranos – ou até mesmo com Deus, conforme demonstrou em Confronto. Procura ampliar os canais de circulação da poesia – antes, por meio do poema-postal, de que foi um dos idealizadores, hoje pela intensa e profícua atuação nas redes sociais. Caiu na rede, é poesia. A democratização propiciada pelos novos veículos, porém, não o faz abdicar da vigilante defesa da qualidade intrínseca do texto literário.

da Academia Brasileira de Letras.
Rio de Janeiro, 07h55min – dia 18/4/2017.




PEDRO LYRA ENSAÍSTA E POETA

    Pedro Lyraé figura fundamental no quadro da atual literatura brasileira. De um lado pela importante criação de singular obra poética, de outro pela elaboração de ensaios e estudos críticos da maior relevância.

   Em “Sincretismo, a poesia da geração 60” o autor introduziu e consolidou na história da literatura brasileira, o conceito e a caracterização dessa geração, ainda não identificada pela falta de elementos habituais às gerações anteriores, tais como manifestos e revistas, bem como pela ausência de explícitas conexões entre os poetas, componentes de todas as regiões do país.

   Partindo de abrangente e minuciosa pesquisa e valendo-se de rigorosa e erudita metodologia, desenvolveu tese sobre a vigência das gerações e definiu a de 60, além da cronologia, por suas características estéticas básicas.

   Se há um traço que sempre define o trabalho de Pedro Lyraé a extrema lucidez de seu pensamento e a coerente argumentação que o alicerça. Em 2010, seu livro “Poema e Letra-de-música”, enfocou com sabedoria a polêmica questão entre poetas e letristas, estabelecendo de modo contundente as diferenças cruciais entre essas categorias de expressão poética.

   Como poeta a predominância do aspecto cerebral e crítico, voltado mais para o social e filosófico do que para o emotivo confessional, logo se impõe ao leitor. Sua poesia se destaca por uma linguagem essencial e abstrata, sem concessões às contingências do cotidiano. Mesmo em seus sonetos amorosos o que mais nos impacta são as liberdades formais no uso da forma clássica, e não a entrega emotiva.

    Poucos poetas brasileiros terão analisado melhor o panorama mundial de terror que nos assedia e a tragédia das opressoras leis do Mercado. Em “Confronto”, uma de suas últimas reuniões, há poemas de transcendentes digressões filosóficas, em que ele medita sobre a natureza do mundo, a solidão do infinito e a ignorância primordial da condição humana e seu destino.

Astrid Cabral,
poeta, contista e professora.
Rio de Janeiro, 22-04-2017.

CONSTRUÇÃO*
                        A Pedro Lyra

a palavra é adaga
a cortar os pulsos

contra ela
milícias bombas
são inúteis

canhões não têm vez
sequer mordaças

a palavra não se cala
grita ejacula goza

a palavra é adaga
fere, mata
mas também é espera:
seu tempo é todo o tempo

Luiz Otávio Oliani*,
poeta e professor.


O POETA PEDRO LYRA EM VOLTA REDONDA

    Entre o Projeto TIM Grandes Escritores, que trouxe a Volta Redonda autores consagrados como Affonso Romano de Sant’Anna, Marina Colasanti e Ignácio de Loyola, e a vinda de Pedro Lyra, em 26 de julho último, em razão da homenagem que lhe foi prestada pela PoeArt Editora, há uma lacuna de onze anos. Muito tempo, pelo fato de Volta Redonda ser uma cidade importante, próxima ao Rio de Janeiro, com faculdades, inclusive com curso de Letras. É uma pena que em nosso meio não se invista muito em projetos dessa natureza, que no fim de contas nem é tão dispendioso. Parece-nos que se desconhece a existência dessa parcela da sociedade, que é a de quem escreve e a de quem lê, a qual, embora pequena, existe e RECLAMA o seu lugar.
    Sé é verdade que “poetas são lidos por poetas”, também é verdade que, trabalhando-se no sentido de se incentivar o hábito de leitura, quer seja por eventos como palestras com escritores, feiras de livros, saraus, concursos, quer seja por simples projetos de leitura em sala de aula, muito se consegue. É a partir do convívio com os livros que surge o leitor e, consequentemente, o escritor.
    Na apresentação ao livro Milênios e outros poemas, de Ruy Espinheira Filho, publicado recentemente pela Editora Patuá, o poeta, ensaísta e editor Alexei Bueno chama a atenção para a escassez de público para obras literárias, quando diz, ao final do prefácio, que “Milênios e outros poemas vem juntar-se (...) ao admirável conjunto de obra desse que é um dos grandes poetas do Brasil, este Brasil desgraçadamente tão surdo — e de forma crescente — a todas as belezas do espírito.” Pois é fato que há surdez em se tratando de literatura. Poesia, então, nem se comente. Mas é fato também que ela — a poesia — se manifesta, através de um e outro talento, como uma das mais belas formas de arte e, ainda que pouco ouvida, tem o poder do canto das sereias. E Pedro Lyra, desde sua estreia, com o livro Sombras, de 1967, até a presente data, tem provado que é um desses talentos, ao lado dos já citados poetas Alexei Bueno e Ruy Espinheira Filho,Affonso Romano de Sant’Anna e Marina Colasanti, como também ao lado de Astrid Cabral, Anderson Braga Horta, Antonio Miranda e tantos outros.
    Foi-nos honra ouvir Pedro Lyra falar de poesia e vida, no Teatro Gacemss II, em Volta Redonda, honra tê-lo apresentando-nos alguns de seus livros, inclusive o recém-lançado A construção do poema. Aos que não o conhecem ou não puderam comparecer ao evento, fica o convite a pesquisá-lo na internet e conhecer um pouco dele e de sua sedutora poesia.
    Nesse importante evento literário, lançamos oficialmente o livro VII Coletânea Século XXI, que traz um capitulo especial em homenagem ao notável poeta e professor, que gentilmente aceitou e autorizou nossa homenagem a sua pessoa e obra e ainda se prontificou a recebê-la aqui em nossa cidade, um dia depois do Dia do Escritor, que é comemorado em 25 de julho.           Este livro é o resultado da VII Seletiva Nacional de Poesia. Constam na obra, 53 escritores de 18 estados brasileiros. O evento foi uma realização da PoeArt Editora que desde 2006 vem produzindo livros e concursos literários, em parceria com a Academia Volta-Redondense de Letras com total apoio do Teatro GACEMSS. Agradecemos a todos os presentes em especial aos poetas e professores que conduziram o evento: Antônio Pena e José Huguenin, juntamente com este colunista.  Salve Pedro Lyra, Viva a Poesia Brasileira e seus Poetas!!!

Jean Carlos Gomes
com a colaboração de Antônio Pena,

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