Ritmo
Cada passo é uma trapaça,
um abismo na nova casa.
Nas paredes que nos testificam
escorre a cor do precipício.
O que fica, agora, é a marca
do vazio – largo espaço –,
o risco da palavra.
Cada passo é uma trapaça
coro de morte na nova casa.
Ritmo
Cada paso es una trampa,
un abismo em la nueva casa.
Em las paredes que nos testifican
resbala el color del precipicio.
Lo que queda, ahora, es la marca
del vacío – largo espacio –,
el riesgo de la palabra.
Cada paso es una trampa
coro de muerte em la nueva casa.
***
Irmandade
Qual a cor do teu drama?
Quantos lares saem de teus cabelos?
Com quantos homens se reparte
o último fio de desespero?
Em tempos de paixão e fome
os credos são maiores que as roupas
os voos maiores que as asas.
Hermandad
¿Cuál es el color de tu drama?
¿Cuántos hogares salen de tus cabellos?
¿Entre cuántos hombres se reparte
el último hilo de desesperación?
Em tiempos de pasión y hambre
los credos son mayores que lãs ropas
los vuelos mayores que las alas.
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No lançamento em Madrid. |
Dobraduras
As dobras da pele
são as linhas dos dias,
aqueles já vividos.
Ode de lavas,
as dobras da pele
são uma dança sem passos,
sem ritmo marcado.
Nesses mistérios
que se revelam na cara
o tempo já não faz
a menor diferença.
Pliegues
Los pliegues de lapiel
son las líneas de los días,
aquellos ya vividos.
Oda de lava,
los pliegues de lapiel
son una danza sin pasos,
sin ritmo marcado.
que se revelan em El rostro
el tiempo ya no marca
la menor diferencia.
***
Das emoções marinhas
Nem liturgia, nem santo:
o que o salvou foram os sargaços
do mar de todos os monstros
que uma mãe pôde imaginar.
Sobre las emociones marinas
Ni liturgia, ni santo:
lo que lo salvo fueron los sargazos
del mar de todos los monstruos
que una madre puede imaginar.
Tradução para o espanhol: Veronica Aranda
Clarissa Macedo(BA), licenciada em Letras Vernáculas, mestra em Literatura e doutoranda em Literatura e Cultura, é escritora, revisora, professora e pesquisadora, com diversos projetos em andamento, como a tradução de poetas (espanhol/português – português/espanhol). Apresenta-se em eventos pelo Brasil e no exterior (Colômbia, Peru, Cuba, Espanha, Portugal, Polônia), com convites para mais de 18 países. Está presente em inúmeras coletâneas, além de diversos blogues, revistas (como a Machado de Assis) e sites. É autora de O trem vermelho que partiu das cinzas (Pedra Palavra – 2014) e de Na pata do cavalo há sete abismos (7Letras – Prêmio Nacional da Academia de Letras da Bahia – 2014, em segunda edição pela Penalux), ambos de poesia. Sua obra está traduzida para o espanhol e em processo de tradução para o inglês. Integra a plataforma do Mapa da Palavra (http://mapadapalavra.ba.gov.br/clarissa-macedo/). Prepara dois novos livros. Entende a literatura como ferramenta para um mundo melhor. Contato: clarissamonforte@gmail.com/http://clarissammacedo.blogspot.com.br.