Quantcast
Channel: mallarmargens
Viewing all articles
Browse latest Browse all 5548

Cinco poemas de Tânia Contreiras

$
0
0
Imagem: Pixabay


A irreverência da poeta e arteterapeuta
Tânia Regina Contreiras



Pássaro de tirar poeira

porque
colocou
alpiste
para o
espanador
- era miopia
era alzheimer
esquizofrenia?
e quando, sob o olhar atônito
de todos, o espanador voou para
o galho mais alto do flamboyant?


*

Sob a mira de uma mesóclise

instrumento obsoleto de
tortura contemporânea
o homem saca a mesóclise
como se açoitasse a nação
de escravos iletrados
(anagramas de fora: afro, faro, órfã)
Fora, Temer!

*

Eu-você

Me
empresta
você
pra eu
me dizer
coisas que
não sei dizer
a mim?

*

Sem referências

O papa disse
O filósofo disse
O sociólogo disse
A mídia disse
A Bíblia disse
O cientista disse
- É tanto disse-me-disse
Que mal encontramos tempo
Para escutar o que dizemos nós.

*

Nananá

Meu filho
Nem tudo
tem nome
e o vício de
nomear gera
tanta guerra.
Quando eras
tão pequenino
- baba, nanbu
pá, nanaco, num
caca, bada, ota
manâ, bito, tan.
O amor inventa
novos sons e a
gente se alfabetiza
em folhas brancas
que viram barquinhos.




Tânia Contreiras– Formada em Comunicação Social pela Universidade Federal da Bahia; Arteterapeuta Junguiana, pelo Instituto Junguiano da Bahia (Chancela da Escola Bahiana de Medicina); Docente em Sensibilização Poética e Literária, para estudantes de Arteterapia, no IJBA; Poeta, com poemas publicados na rede e em revistas eletrônicas como O Alvoradense. Ainda sem livro publicado.

Viewing all articles
Browse latest Browse all 5548