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Cinco poemas de Valéria Tarelho

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Cinco poemas do livro
"O amor nem sempre tem o mesmo Cep" (ed. Penalux, 2016) de Valéria Tarelho


desaguando

omitir das poças
de chuva
que te amo
mentir ao mar
sobre a saudade
— um oceano —
disfarçar dos rios
o riso que rola
solto e sem motivo
fingir ao espelho
que não chorei
no chuveiro
porque te afogo
[e salvo]
há tantas águas

*

a la almodóvar

já que
nosso amor
usa mordaças
e máscaras
não hesite
dê mais corda
a esta
tortura
:
ata-me

*

poema para os olhos amendoados do meu amor

continuem
a nos
ler

no outdoor
que propaga
amor

no romance
que estiver
em cartaz

nos sinais
ver_de_amar_elos
dos faróis

nos manuais
que ninguém mais
lembra

porque eu
pausei
:
já nos sei
de cor


*

do fundo do croissant

amor é simples
amar é chique
chope e champanhe
você
meu camping
eu
teu piquenique
o crouton
da nossa sopa
o pão francês
do sanduíche

*

poema para o amor que ingeri sem saber a procedência

eu te rejeito
te regurgito
amor
:
essa úlcera
que supura
e supus
ser flor




Valéria Tarelhoé natural de Santos/SP (1962), residente em São José dos Campos/SP. Separou-se da advocacia devido a um caso com a poesia. Seus primeiros escritos datam de abril de 2002. Publica no Livro da Tribo, desde a ed. 2004, tem poemas em livros didáticos do ensino fundamental e ensino médio, antologias, poemas musicados e encenados no projeto Poeta em Cena, 2009, da Casa das Rosas. Escreve no site "escritoras suicidas" (http://www.escritorassuicidas.com.br), em seu blog pessoal, "textura" ( http://valeriatarelho.blogspot.com ). É autora de “O AMOR nem sempre tem o mesmo CEP”, Ed. Penalux, 2016, mãe de quatro, esposa de um, avó em exercício, advogada em extinção. Quando crescer, quer ser poeta.

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