de Caminhos para longitude
Tantos incêndios
Descobrir a não serventia das formigas
mortas que colecionava dentro de um pote de vibro,
pus fogo – com águas lágrimas lamentos.
Minhas mãos corriam na parede de casa
a cor vinha em meus dedos e os insetos também
– fogo da formiga-de-fogo
mas a tristeza maior veio depois – ver se apagar tantos
incêndios.
Não-conselho
Visito a casa de Bruno
um velho amigo das infâncias
de amanhã, composto de seiva e pedaços de limo,
avista em uma ilha que desconheço
o nome, ao meio do grande
rio Marajó-açu, naufrago há décadas
suas meditações desconheço
sei de suas labutas, da árvore caída riscando sua pele,
canoa-vida que conduz
te digo Bruno, se teu ouvido de mata poder ouvir:
– morte e vida, caminhos iguais
não-conselho de amigo.
de Lugar algum
Variações nº 01
1
No quintal de casa tinha um rio
de metros e metros,
onde eu banhava minha alma.
2
No quintal de casa nunca teve um rio
de metros e metros,
onde eu poderia banhava minha alma.
3
No meu rio tinha um porto,
eu pulava marés atrás de marés,
mas nunca voltei dos pulos n’águas.
4
No meu rio não tinha um porto,
eu não pulava marés atrás de marés,
mas sempre voltava dos pulos n’águas.
5
Eu não era boto,
por isso não soube falar língua de amor
do boto, mamãe já alertava.
6
Eu era boto,
por isso soube falar língua de amor
de boto, mamãe nunca alertou.
Marcos Samuel Costaé natural de Ponta de Pedras - Ilha de Marajó - Amazônia brasileira. Atualmente cursa Serviço Social (FMN), e mora em Belém do Pará. Vive perdido no caos da cidade grande e entre livros de poesia. É membro correspondente da Academia de letras do sul e sudeste paraense e da ASPEELPP-DJ. Autor dos livros: Pés no chão e sonhos no ar... (Edição artesanal, 2012), Convites para amar (Editora LiteraCidade, 2013), Sentimentos de um século 21 (Multifoco Editora, 2014), Titulado amor(editora Literacidade, 2014), em coautoria com dois amigos: Interpoética (Big Times editora 2015), Uma semana de poesia(Editora Penalux 2016). Participou de mais de 20 antologias literárias, entre elas I e II Anuário de Poesia Paraense.