Bacamarte
Tribuna aberta:
Tumba setembro, tumba setembra
sofre flautos faróis cantares
de pássaros doentes em suas cores.
Metais.
Já passou a hora de brincar.
Já passou a hora de ir embora.
-“Levem os falconetes daqui”-
Sacia suas coisas em cálice afastado
ao afaste de vã felicidade e calça jogada.
“Meu corpo já repousa na sombra do sol.
Eu poderia estar morto.”
Aqui vivo mais que o silencio.
Minha cavernosa membrana
se formam cordas estalagmites
apontados para uma pupila,
com sua espessura
de tato tártaro lago bafo.
Esse trem sentado.
A terra pinta suas ruínas
pelo ventre vento inerte
ao brilho frio de calor de ouro
calor de soja, calor de gola.
A aragem carruagem passa
cigarro largado lagarto
em rochosa pele de combustão
ao gatilho de lábios úmidos.
E das palmeiras se jogam
mosqueteiros vértices nos trópicos.
Uma fria aranha reina colônias ásperas
em secas teias dentro da cabeça.
***
Bússola carruagem
terei me atirado
em um alvo invulnerável.
Nas velas lençóis
se abrem rachaduras
feitas de águas negras.
A noite me faz núpcias
no sepulcro do ridículo
no baile de mártires.
Por quanto passo aqui
miserável as ósseas reclamações
de meu terreno areado.
Lanço entre peixes e redações
uma rede de ramos raros
nas línguas caem
águas inalcançáveis.
Escorro o mesmo rumo
neste peito listrado
de meu Frankenstein caderno
engavetado.
Esperando o retorno
da onda que expurgo
soterrado na solidez
do ar.
E a bússola aponta
seu cético dedo
na morte
e no inlevitável.
***
Crina ruminação
opaca como tato
estalam madeiras.
As palavras pintam
um quadro negro
de células degustativas
e trovões glandulares.
Estarei avisado.
Nuvem cérebro
sobrevoa zepelim.
Batedor de passos
sem premonição
e permutação
faço sua jurisdição
testemunha.
Que discursa
e empoleira
razão de mundo
e diversão de absurdo
riscando fósforos
de uma música.
Aos sopros
do bailar
das ovelhas.
Goma de dia
sua zênite benção
diadema cabelos soltos.
Brilho camadas negras
de um ouvido crânio,
que nascera e renascera
em constante respiração.
A mutação sonora
de um mergulho
lava cantos
da voz de mundo.
Para emergi-lo
um passado novo
ereto em seu lugar
na assembléia de uma nave.
***
Caderno espaçonave
Este.
Se abriu, 29 de Maio.
Uma de suas páginas
pingava em São João.
Estava sob vigia
da sexta negra.
Percorrendo sem pele
as ossadas
das calçadas
desvestidas.
Despernam-setodos
dentes-de-leão
para contornar
a luxuria
que ainda se mantém
na lâmpada.
Ela se equilibra
nos mais suaves
passos,
enquanto acende quartos
debaixo do vestido
da noite
que assenta.
***
Costuro costumes
dos lumes que atravessam
nuvens travesseiras.
Tenho o peso água
e o despeso plúmbeo
de não estou lá.
Fico encurvado
em ombros dados
à ondas de lares
para tear desejos
dos nervos que acordam
a cacarejar
um novo oásis
para colecionar
no suco gástrico
de minhas memórias.
E de minhas memórias
me embrulhar
presente
sem nunca estar.
Galeria; Leonora Carrington
Lucas Alvim, nascido em oito de abril de 1990 em Areado-MG, é um típico e pacato mineiro fã de Rock Progressivo que escreve poemas. Publicou Maço de Março em 2013, finalista no Prêmio Gloria de Sant’ana 2014, e em 2014 publicou Exergia, segundo lugar no Prêmio LiteraCidade jovem 2014 categoria poesia, ambos pela Editora LiteraCidade. Também possui participação em Antologias. E foi menção honrosa com o Livro das Evaporações no Prêmio LiteraCidade 2015, categoria poesia. Em 2016 lançou Contorcionismos pela Penalux, e depois fez mais nada.