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Chris Herrmann - Colaboradora da Mallarmargens

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Nova colaboradora da Mallarmargens

por Chris Herrmann


Quando recebi o convite da escritora e poeta Jandira Zanchi para ser mais uma a colaborar com publicações de literatura nesta revista, fiquei surpresa e muito feliz. Algumas vezes tive meus poemas publicados aqui e sempre admirei muito o trabalho desta equipe que torna a literatura levada a sério (ou no melhor do bom humor) mais visível através da rede.

Para quem ainda não me conhece, sou carioca da gema. No Rio de Janeiro estudei Literatura na UFRJ, Música no CBM e Webdesign na Uni Carioca. Trabalhei como secretária bilíngue e tradutora durante muitos anos.

Em 1996 me mudei definitivamente para a Alemanha. Aqui constituí família. Trabalhei como tradutora e webdesigner. Fiz a pós-graduação Musikgeragogik (Musicoterapia e Educação Musical para Terceira Idade) na Universidade de Münster. Fiz também outros cursos ligados à área de Serviço Social Terapêutico, que é a que trabalho atualmente como musicoterapeuta.

Descobri o amor pela literatura muito cedo, ainda criança. Mas só comecei a acreditar nela quando minha mãe, Airam Magalhães, acreditou em mim. Depois de viúva, ela se dedicou às artes plásticas e trabalhou como marchand no Rio dos anos 80 e 90 organizando e promovendo exposições de artes. Uma delas, em Niterói, celebrava também a música e a literatura. Eu pude expor poemas junto com outros poetas iniciantes. Minha mãe tinha o dom de incentivar, como fez com vários pintores. Inclusive os que nem eram iniciantes, mas não tinham condições financeiras para pagar inscrição de exposições coletivas. Com minha mãe, eles entravam de graça. E quando eles não a procuravam, ela os procurava pelas ruas do Rio, onde expunham seus trabalhos sem qualquer incentivo de associações, já que todas elas exigiam pagamento mensal, por inscrição, ou as duas coisas. Não foi à toa que ela recebeu uma Comenda por incentivo às artes, mas gostava que a chamassem de comendadora. "Eu continuo sendo a mesma Airam e mais nada". Com sua postura simples e rebelde, ela não agradou a certas organizações que só expunham trabalhos daqueles que pagavam (e bem) para receber destaque e não davam chance aos que não tinham condições, iniciantes ou não. Foi quando ela decidiu trabalhar sozinha e dizia: "é o agradecimento dos artistas que me deixa realmente feliz". Se não fosse pela saúde delicada que a obrigou a se afastar do trabalho e mais tarde a levou deste mundo, Airam estaria fazendo diferença no panorama artístico carioca até hoje.

Com o advento da internet e o boom dos blogues jornalísticos e literários, comecei a publicar poemas e textos na rede a partir do ano 2000, quando já estava aqui na Alemanha. De lá para cá, participei e organizei diversas antologias de poesia (impressas, e-books), como a"Sobre Lagartas e Borboletas"junto com Adriana Aneli, Adriane Garcia e Maria Balé e ilustrações de Cristina Arruda. Foram 75 poetas que nos presentearam no livro com seus poemas. O livro teve a versão impressa, eletrônica e foi transformado em belíssimas esculturas pela artista Fávia Taiano e brindado com uma exposição dos trabalhos em Niterói. Organizei também, em parceria com o Congresso Brasileiro de Poesia, várias antologias de poesia e haikais com participantes de minhas comunidades virtuais (Café Filosófico Das Quatro, Pássaros-Poetas, Trovadores Noturnos e outras),  além dos blogues. Fui colunista de Blocos Online. Publiquei três livros de poesia:"Voos de Borboleta" (1a. e 2a. edição, Protexto, 2009, com prefácio de Leila Míccolis); "Na Rota do Hai y Kai" (Tubap/Clube de Autores, 2015, com ilustrações do artista chileno Leo Lobos, prefácio de Alvaro Posselt) e"Gota a Gota" (Scenarium, 2016, prefácio de Jandira Zanchi). Com amiga escritora Adriana Aneli, tenho feito belas parcerias, não só com antologias, mas com nossas páginas literárias de Boca a Penas, Tubap e Tempestade Urbana

Atualmente, colaboro com revistas literárias impressas, como a Scenarium Plural, Ponto & Vírgula e eletrônicas, como Blocos Online, Zona da Palavra, Algo a Dizer, e diversos blogues de amigos escritores. Agora também, com muito prazer, para a Mallarmargens.

Eu não sei onde vou chegar com meus textos e poemas, mas eles têm chegado para me co-mover e cada vez me encantar mais com a literatura brasileira. Temos grandes escritores/poetas do passado e excelentes contemporâneos. Nem todos puderam ou tiveram chances de publicar livros e a literatura precisa de leitores. A internet ajuda a divulgá-los e a captar novos interessados. Espero poder contribuir para a divulgação e não esquecer do que aprendi com a Airam, minha mãe, a não discriminar iniciantes. Todos os grandes escritores tiveram um começo. Como não me considero grande escritora, tenho a sensação de estar sempre começando e sei muito bem o que significa ser discriminado/a. E, embora esteja fisicamente distante do Brasil, acompanho de perto lendo, escrevendo, dialogando, publicando, divulgando, e assim, fazendo a minha pequena parte neste nosso universo literário.

Findo este texto com um agradecimento especial à Jandira Zanchi que me trouxe aqui e a minha mãe iluminada Airam Magalhães (in memoriam), e com um poema:


Textura
 
tentei tirar de letra
a vida, palavra amorfa,
que não cabia no alfabeto

criava um novo e morria
na textura do meu corpo
no papel da minha mente

horas, dias, anos, sonhos,
ganhos da minha releitura:
- infernos ou fortunas?

me livro da resposta e aceito
ser apenas esta f(r)ase louca
inacabada de me reescrever
 

Chris Herrmann





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