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5 poemas de Daniel Perroni Ratto

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Ilustração: Jon/deviantART


Acordes

Nas estradas mal acabadas
de um país cheio de brasilidades
existem amores perdidos

Músicas em cabarés existenciais
repletos de simplicidades
reconfortam falsos pedidos

São as esperanças
peças paranormais
que flutuam em espumas
de lençóis mágicos

Em laços poéticos
Acordes sensacionais
enrolam-se versos transcendentais


Feitiçaria

As sirenes fantásticas alertam
Para chaves mágicas

Em casas avessas, transe
Em vidas perfeitas, transe

Palavras; chaves e sirenes
A mágica fantástica

é como uma vida
além das lamparinas
de luzes turvas

é como um voo cego
pelas palafitas
de peles curvas

Palavras; chaves e sirenes.


ilustração: Jon/deviantART


Vício

Então as coisas não são bem assim
Tudo bem, mas não me venha dizer
que não posso chorar

Então as coisas não são bem assim
você me diz, mas não venha me dizer
que não posso beijar

Vou sair por aí e festejar
dançar nas noites mais tristes

Te olho com todo o tesão
como um tango nos salões do Moulin Rouge
As cores intensas da tua pele
dilaceram até o cara mais sem noção

E aí teus lábios cheios de carne
dizem não
com toda a vontade da lama tóxica
descendo o Rio Doce

Deixam-me, teus olhos,
inebriado, envenenado
e mesmo assim,
sigo adicto.


Nega de Ben

Nesse carnaval
sairei no bloco da solidão

Com foliões dançando
e Jorge Ben cantando 

Nesse carnaval
explorarei o teu tesão

Com saudações pululando
atrás de más intenções
e Jorge Ben cantando
Nega


Os pardais devassos do torrão natal

É tanto absurdo
que a fala sai da boca
do mudo

É tanto absurdo
que escuta vozes insanas
o surdo

É tanto absurdo
que as imagens invadem
as córneas do cego

É tanto absurdo
Que a cor do negro
Cega o obtuso

É tanto absurdo
que a criança não tem
mais medo do escuro

É tanto absurdo
que as mulheres sempre serão
as provedoras do mundo

É tanto absurdo
que o pote de ouro do leprechau
Foi roubado pelo mau agouro

É tanto absurdo
que a atração pelo mesmo sexo
é só mais um amor do universo

É tanto absurdo
Seu Manuel
que nem sei mais quantas
estrelas têm na Bandeira
E hoje, Pasárgada é matadouro.




Daniel Perroni Rattoé poeta, jornalista, músico, pós-graduado em mídia, informação e cultura pela ECA/USP. É autor dos livros, Urbanas Poesias (Ed. Fiúza, 2000), Marte mora em São Paulo (A Girafa, 2012),Marmotas, amores e dois drinks flamejantes (Ed. Patuá, 2014) e VoZmecê (Ed. Patuá, 2016). Participou das bandas Loco Sapiens, Criolo Branco e Luz de Caroline. Cronista do UOL Música, colaborador na editoria de música do portal Culture-se.com e do jornal Diário do Nordeste. Faz parcerias de composição com algumas bandas promissoras na cena paulistana. Em 2015, participou com poema e voz da música “Brasil”, da banda Bleck a Bamba, ganhando o segundo lugar de melhor música do Festival de Rock de Indaiatuba. Seus poemas também estão em revistas literárias de todo Brasil como a Revista Gente de Palavra (RS), Mallarmargens revista de poesia & arte contemporânea (PR), Revista Quincas (SP), Jornal RelevO, Revista Subversa, Germina, entre outras. Curador de eventos literários como a Quinta Poética na Casa das Rosas. Em 2015, Daniel Perroni Ratto foi um dos poetas selecionados pela curadoria do evento para integrar a “Exposição Poesia Agora”, no Museu da Língua Portuguesa. 

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