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Projeto 1917-2017

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Por Marco Aqueiva

Há quase oito meses fiz um convite a um grupo de ficcionistas e poetas

São eles:
Ademir Demarchi – Aurora Fornoni Bernardini – Carlos Felipe Moisés - Carlos Pessoa Rosa – Fátima Brito – Flávia Helena
Henriette Effenberger– Joaquim Maria Botelho – José Antonio Martino
Luiz Bras – Manoel Herzog – Marco Aqueiva – Micheliny Verunschk - Nathan Sousa – Paulo César de Carvalho – Reynaldo Damazio
Silvana Guimarães – Simone Adami – Tarso de Melo – Vivian de Moraes



Sonhei que jogávamos, esses amigos e eu, o jogo revendo a história pela literatura. Nesse jogo, a realidade falava conosco, e o desejo valia tanto quanto um urinol e um livro de história. Todos sabemos que homens continuam servindo-se de banheiros públicos. Também assim se dava com aquele homem que dormiu Duchamp e acordou em 1917 R. Mutt, pondo letras e números num utilitário e com isso acabou retirando um pouco das sombras desse objeto convencional.

O sossego mortal das estantes de uma biblioteca
Em cem anos as páginas nem sempre amarelam. Alguns livros na estante às vezes esperam um tempo injustificável para serem reencontrados pelo leitor. Cuentos de amor de locura y de muerte, do mestre Horacio Quiroga, foi publicado em 1917, assim como As cinzas das horas, de outro mestre Manuel Bandeira, e Há uma Gota de Sangue em Cada Poema, do não menos genial Mário de Andrade.

Mas que jogo é esse, ô criatura?
O jogo coletivo de rever algumas efemérides que em 2017 comemoram o centenário.  Esse jogo de rever o passado histórico pela literatura quando jogado, como o fizemos, parece demonstrar que a história (os acontecimentos do passado) não está disposta em prateleiras como um produto pronto e acabado. A História é especialmente descoberta e, também, invenção a que se chega pela literatura com sensibilidade e intuição. O homem pode aceitar ou não a visão histórica "dada" sobre os acontecimentos. Narrar como libertar-se daquilo que "deve ter" acontecido contrapondo-se ao “era uma vez” e “foi assim”. Esse é o poder da literatura.

1917-2017: Rever está na ordem do dia, quer queiramos ou não
Cada uma das narrativas do livro integra um mosaico, constituído de diferentes eventos, cenas, personagens, ações, figurando e reconfigurando uma mandala que necessariamente nunca chegará a conformar-se como registro final de um tempo. É essa talvez a maior feeria da literatura: a cada geração, novos olhares que reinterpretam e ressignificam o tempo e o mundo. Uma mandala a nos ensinar a lição de que tudo passa.

Rever como jogar porque é necessário manter vivas certas perguntas e narrativas para nos aproximarmos da compreensão do humano.



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