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ruas - um poema de Bruna Mitrano e Ricardo Escudeiro

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Daido Moryama, 1978, untitled





ruas


tocar a morte no mínimo
umas duas
ainda que dessas do tipo

num era pra ser

até reconhecer a saliva de cada bicho tocar
tambor numa rua vazia
acordar quem te faz dormir é preciso
dançar com aquele cego às duas

cegos num olham só pro próprio

escuta
uma umbigada de resistência
toca o tambor feito de pele de rua vazia
de ferocidade e simetria

e de cesuras e de sintomas

a linha a grade
a mão que em braile embala o arame a farpa
que pega pela mão e carrega
a estrada
de meio fio a meio fio de sono a sono
luz arrastada de calçada até portas

o som do fóton no tapete de boas chegadas

antes e depois
os meios os muros que dizer

as fachadas

também é perguntar isso é entrada ou isso é saída
a simples sustentação de falas cognatas

num tinha um poste aqui

bandeira de luz fincada ou uma catraca
demarcações

que nos vinculam



(Bruna Mitrano e Ricardo Escudeiro)




Foto: The Street Sweeper, Barry Goldwater, 1966
Foto: Suzanne Stein



***





Bruna Mitrano (1985) desenha e escreve. Publicou o livro “Não” pela Editora Patuá.








Ricardo Escudeiroé autor dos livros “tempo espaço re tratos” (Editora Patuá, 2014) e “rachar átomos e depois” (Editora Patuá, 2016)

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