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Ilustração: Suzie Q. |
Pornaso
Ele prolonga-se até ficar de pé
Quando tua boca escala até
O posto píncaro de minha pica
Eu digo: - fica que ele estica.
Sinto-me feliz estando a olho nu
Diante de teu róseo e belo cu.
Apaixonado por teu redondel
Cravo o anelar no teu anel.
Nas gêmeas virgens tetas com saúde
Eu as mamo mais que amiúde.
E quando ficas toda orvalhada
É na tua boa boceta bem salgada
Que enterro meu tinto tabaco
E crio inveja até no deus Baco.
(Zé Amorim)
Grego vaso
Às frias brumas do resplandecer do dia
Quando, taciturno, ao vaso grego me sento,
Testemunho da rodela um alargamento
Descarregando ao báratro a bosta sombria.
Se o cagar venoso a rodela nos judia
Não é senão ausente de contentamento
Que o cu possui culpa, embaraço e sofrimento
o prazeroso aumento que nos esvazia.
E se as lúbricas pregas sinto-me arrombando
É que o tronco tranca e trespassa o encanamento.
Torna-se então tépido e sôfrego o tormento
E o mijo ao cagamento vai se incorporando.
E antes que se julgue Barroco o meu barrego
Dou a descarga e abandono o vaso grego.
(Diego Moreira)
O pau-brasil
Para Oswald de Andrade
O Brasil é um país
Um tanto descomunal,
Pois não é que todo mundo
Queria abrasado pau?
Que aqui por essa estância
Foi um pau em abundância.
Vou mostrar o pau-brasil
Esse pau não tem pentelho
Mas tem o cerne vermelho
E feito um pau que pinta
Esse pau deu muita tinta.
Porque pelo mundo todo
Pau-brasil foi almejado
Por ser uma tora dura
Ainda hoje ele perdura
Qual portentoso lenhado.
Seja com ou sem raiz
No clandestino mercado
Foi o pau mais cobiçado
De todo o nosso país.
(Zé Amorim)
Dos Arcos
Diz-se que Apolo, no céu outonal
Que singrava sobre seu carro covo
Dardejava com seu arco ao povo
Herméticas setas de ira austral.
Perfurando bocetas, o meu pau
Agita-se como um novilho novo.
E se ocorre de ela lamber meu ovo
O espirro vem qual flecha sargital.
Vê-se assim que na coita se assemelham
Os paus que em foder se avermelham
E o aro deste deus tão misantropo.
Fábula tal não se viu em Esopo
Dos febris corpos quando se emparelham
Na insana véspera do acoplo.
(Diego Moreira)
Vibração
Depois de tantos uis
E tantos ais,
Ela pôs meu diapasão na boca
E afinou suas cordas vocais.
(Zé Amorim)
Poema de verão
O biquíni é uma coisa engraçada:
Mostra tudo
Sem mostrar nada.
(Diego Moreira)
Diego Moreira é natural de Joaçaba – SC. É graduado em Letras – Língua Portuguesa e Literaturas pela Universidade Federal de Santa Catarina, mesma instituição na qual adquiriu o grau de Mestre, com a dissertação Antonio Vicente Seraphim Pietroforte, e a vida masoquista. Atualmente cursa o doutorado pela mesma instituição. Poemas seus foram publicados nas revistas Desenredos e Qorpus, e em 2015 publicou, pela Editora Multifoco/Funarte Poesia, o livro Subúrbios de poemas.
Zé Amorim é natural de Florianópolis – SC. Poeta e compositor, é graduado em Letras – Língua Portuguesa e Literaturas pela Universidade Federal de Santa Catarina. Possui poemas publicados na revista Nua, no jornal Hora de Santa Catarina e em antologias de concursos literários em que se classificou. Seu trabalho pode ser lido no site aqui.