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o magarefe de versos no poema de Geraldo Lavigne

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Obra de Tom Kratman em https://forums.sufficientvelocity.com/




magarefe


eu não descabelo mais o porco
na água fervente
enquanto ele sangra pelas ventas
e grita os meus pesadelos

não marreto mais o carneiro
para deixa-lo demente
e lhe colher o sangue
entre os espasmos

nem trespasso mais a lâmina
na garganta do garrote
apeado aos meus pés

hoje, o máximo que me ocorre
é ver um frango
circular sem cabeça
tingindo o piso

sento em minha cadeira de couro curtido
e da varanda vejo as moscas
cobiçarem o meu jazigo

peço às larvas
que esperem meu corpo esfriar
antes de me terem engolido




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Geraldo Lavigne de Lemos nasceu em 1986. É natural de Itabuna e radicado em Ilhéus. Membro da Academia de Letras de Ilhéus, autor dos livros À Espera do Verão (2011), amenidades (2014), alguma sinceridade (2014) e Massapê: Solo de Poesia (2016), todos de poesia e pela Editora Mondrongo. Integra a antologia Diálogos – Panorama da Nova Poesia Grapiúna (Editus/Via Litterarum, 1ª ed. 2009; 2ª ed. ampl. 2010). Desenvolve os poemas furta-cores desde 2014, que darão um livro de mesmo nome, ora em processo editorial.

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