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Imagem: http://operationalportal.com/ |
/por Nuno Rau/
mais um soneto tenta alçar do fundo
opaco do mundo o que não se fala
não porque a gente renegasse, nada
se quer mais do que poder dizer tudo
que o lábio em nós retém. Mais um soneto
alça... não, despenca arranhando o verso
da cortina: por erro o giro inverso
da engrenagem expõe o lado avesso
ao proscênio, e o anverso fica oculto
com seus grafites cifrados descendo
no palco escuro, artifício, maneira
de nunca entregar à platéia a seiva
fluorescente das palavras ardendo
no fundo de onde tudo vem ao mundo.