Não fuja. Eu entendo teus vazios, teus contornos, teus tristes olhos de criança, teu silêncio fundo como um parto. Tudo o que é teu continua. Sabes? Tuas plantas, teus quadros, tua gata. Tua banheira cheia de amêndoas, amoras, ameixas – mas não castanhas. Não fuja. Há um pássaro no jardim defronte nossa casa, ele tem o nome da tua pele.
H. I. Kupps
Eu não sei onde enfiar o amor. Ninguém sabe.
Meu pai nunca soube. Minha mãe sabia, às vezes. Mas disso também não estou certo. Em Goyastadt, tenho certeza, ninguém sabe.
Sinto o fundo. Não sei precisar o quê. Algo como a página errada do livro errado.
Quando as imagens voltam, voltam. Nada além.
Tenho nas mãos uma oração, um guardanapo sujo. Deus, os outros bichos, refletidos no meu prato de comida. Tenho essas coisas. Tenho um quarto. Toda uma casa. Um emprego e um piano. Várias estantes de livros. Um lipoma na cabeça. A rua 57. Saudades de Alice em um nível. Do qual não quero falar.
E assim, sempre.
Mas não sei onde.