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6 poemas de Paulo Pignanelli

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Anil

Finda a chuva
as últimas águas descidas
ainda molham as ruas

Espelham meios-fios
e calçadas

Gotejam
vidraças das casas
sopradas de areia e
ventos de mar aberto

Sob o céu entardecido
dançam nuvens
desenhadas nos dedos
dos meninos





Arte Viva

Uma pomba impressa no asfalto
É obra aberta
Ou natureza morta?



Ciliares

O desencanto das flores
é assistirem
à passagem alegre dos rios

algumas
se atiram às águas

Enraizadas
outras assobiam tristezas
ao vento



Composições

Pássaros
apresentam-se pelas manhãs e
finais de tarde

Escrevem canções de ar
em cabos elétricos

Como se fossem
pautas musicais
estendidas pela cidade



Píer

Uma pedra parada
na murada do porto
se move ao espelho das ondas
que voltam ao mar



Desconforme

Ouso contar
o que me mata
assola meu espírito
insano

Sofro
por essa injúria
a tempestade dos anos
toda a fúria
todo o dano


Imagens : Pinterest




Paulo Pignanelli:Nascido paulistano, arquiteto desde há muito tempo, escreve por necessidade e prazer de imaginar. Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (1978) e mestrado em ESTRUTURAS AMBIENTAIS URBANAS pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (2003). Lecionou na Universidade Estadual de Londrina, Universidade Municipal de Taubaté, Universidade de Guarulhos, Universidade Católica de Santos, Universidade Anhembi-Morumbi na área de projetos e urbanismo. Atualmente é professor contratado do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas e coordenador de projetos - Cia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo.

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