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2 poemas de Luana Muniz

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Não consigo digerir o amor. Ele fica entalado na minha laringe, do tamanho do aspirador de pó da minha mãe: desajeitado e espaçoso.
Eu tenho uma vaga memória e você fica estacionando nela.





Eu sou desbocada mesmo. Pasodoble em cima da frescura alheia. Vocês me odeiam, mas minha mãe me ama. Mimada pelos astros, cada dia mais maldita, danada da peste. O barco furado de Caronte. As rusgas, as chacotas, a urtiga trepadeira. Doida de pedra, chumbinho no chá de hibisco, nenhuma temperança pra contar a história. Titular absoluta no evento Desbunde Cósmico. Crente no karma que tarda, mas sabemos não falhar. Namastê, oxalá, Laroiê. 
Não esperem de mim estardantes, pieguices, seicho-no-ie no parque, catatonia de princesa Disney. Eu vim ao mundo é para DEFLORAR os tabus mesmo. Tirar a embalagem lírica que colocaram neles. Não esperem que eu seja a mocinha do tempo, docinha igual saco de jujuba. 
Como mulher vou roçar as vergonhas nas coisas dessa vida sim e morder o caroço. Quem come a polpa tem que ter coragem de chegar no caroço. Todo mundo sabe que o caroço das mulheres é ruidoso.







* * *





Luana Muniz é mineira-come-quieto, nascida em Belo Horizonte, em 1992. É estudante de Letras da UFMG, onde tem uma preferência hiperclitórica e pouco ortodoxa pelos temas eróticos. Escreve uns saltos quânticos (nunca soube o que é um salto quântico, que perigo!) no blog Cronisias e outros poemas avulsos na internet.

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