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Outra taça
E não vos embriagueis com vinho, no qual há devassidão (...)
Efésios 5: 18p.A
Diga a parede emudecida verbos
luzidos de traumas, e vá em cima de um gato
contar formas geométricas dos olhos lúcidos
daqueles mortos que repousam sobre outra taça
de devassidão. Outra taça – já contei muitas formas,
porem, encontrei uma que não tivera nem nove ou doze
lados, era incontável.
A forma que levanta pela manhã em cima de
meu cabelo lembra ondas de um mar morto,
outras funções da física desequilibram e caem
do chão rumo ao obliquo – mantenha direção
dos gestos, erga as pernas e siga as linhas
contornadas em meio ao movimento.
É necessário que se mantenha longe do vinho da devassidão,
antes
por onde ele entre em meu corpo
faça
devassidão
ruinas
outra taça agora seca, outra taça agora seca, out
rataç
a agora se
ca, outras e outras taças e taças
agora seca.
Sumptuosamente moluscos luxuosos
Sumptuosamente moluscos luxuosos desenrolam-se de dentro
dos moveis – conto entre os dedos – alguns decolam
entre as cores já cansadas de lagrimejar begônias,
fome do sopro divino, capim outrora
nascerá entre o coração e as águas movimentadas
da crina de um mamífero quadruple,
eles estão sumindo, criaram entorno das cascas asas
– possibilidade de evacuação.
Houve cartas trocadas, uma luz no campo nostálgico,
poemas escritos na face dos ácidos olhares
ilustrados de terra e formulações químicas,
outro – campo de energia positiva e lascívia,
acompanha o círio de tortuosas lágrimas tão minhas,
sumptuosamente indícios de grama
pairam no ar.
Rogo diante da rosa negra – pétalas imortais,
uma abelha negra aproxima-se do quadro negro estável
sobre o fio que me liga a maturnidade,
cínico cilindro observável aos olhares – pois tudo
é o nosso tempo, de abrir e fechar páginas,
nos bicos dos anos fotografias
é minha vez
abro ilhas
naufrágios
tempo todo ainda não é tempo de colher flores negras neste dia escuro
verei veremos diante deste céu oculto
Lição de imigrantes
Contra o sol balanço um pano amarelo
que lembra sentimentos estrangeiros e vidas antigas
diante desta minha de hoje,
sigo alguns passos a frente,
vacas loucas fazem voos longos
e ratos caminham no fio
entre lucidez & loucura
a casa
foi derrubada, livros queimados, parentes esquecidos,
uma vida que se formula
diante das mudanças todas
sigo alguns passos a frente, nada vejo
a morte muito próxima dita
poemas
Ilustrações: Esther/deviantART
Marcos Samuel Costa é natural de Ponta de Pedras, Marajó, Amazônia brasileira. Atualmente cursa Serviço Social (FMN), e mora em Belém do Pará. Vive perdido no caos da cidade grande e entre livros de poesia. É membro correspondente da Academia de letras do sul e sudeste paraense e da ASPEELPP-DJ (Associação literária Dalcídio Jurandir). Autor dos livros: Sentimentos de um século 21 (Multifoco Editora, 2014), e Titulado amor (editora Literacidade, 2014), e um em co-autoria com dois amigos: Interpoética (Big Times editora 2015), Uma semana de poesia (Editora Penalux). Participou de mais de 20 antologias literárias, entre elas I Anuário de Poesia Paraense e publicou na revista Mallarmargens.
e-mail: samuelcostaspds@hotmail.com.br ou Samuel_pontadepedras@hotmail.com .