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Dois Poemas de Caio Cardoso Tardelli

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A NOSSA HISTÓRIA


Em uma tarde, entre os arvoredos
De um parque solitário e mudo,
Eu te vi, um dia...
E como, embora clamassem os medos
E a tristeza de tudo,
Parecia-me que, naquele dia,
Havia se revelado, para mim, a alegria.

Que bastava viver para ser feliz...
Que bastava amar para viver...

Em uma noite, entre as canções
De uma lua que chorava,
Vi a tua sombra escurecendo o giz
Da estrela que nos guiava...
Partiste, naquela noite, em leveza...
E, partindo, havia se revelado, para mim, a tristeza.

E que bastava ser feliz para sofrer
E necessário chorar para ser feliz...

Em uma manhã, entre as auroras
Que uma eternidade pareciam refletir,
Lembrei de ti (e como me invade
Essa tristeza do tombar das horas)...
Vinhas sem que pudesses partir....
Havia se revelado para mim, então, a saudade...

E que bastava lembrar para ser feliz...
E que bastava lembrar para chorar...

--

SEMENTE

Pelos sinos que cantam,
Pelos céus que não sonham,
A minha alma é semente
Peregrina.

Pelos sóis que acalantam,
Aos olhos que não sonham,
A minha alma é semente
Peregrina.

Nas ânsias que aquebrantam
Os mundos que não sonham,
A minha alma é semente
Peregrina.

Peregrina dos que cantam
Os que já não mais sonham...
Dos amores, dos caminhos
Sem chegada... dos sozinhos...

A minha alma é semente
Peregrina.


(George Inness - Afterglow)


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