À Ana Damm,
que teve essa epifania aos 7 anos de idade.
Ela caminhou lentamente em direção àquele volume de luz clara que se expandia. A areia era fofa nos seus pés. Sentou no escorregador apenas para ver.
Crianças corriam, caíam, davam risadas. Viviam sem perceber a possibilidade de virarem sombras nos brinquedos retorcidos.
Mas ela percebeu.
A menina viu o fim brotar com esplendor; feito o amanhecer de pequenas nulidades.
Ela percebeu que os ossos das crianças correriam os ventos gemendo futuros. Viu os seus ossos pequenos virando poeira de infância.
E sentiu medo de deixar de ser.
O pequeno corpo da menina estancou no meio do parque. Sem querer brincar, anulou o grito e esperou a primeira fagulha.
Homero Gomes nasceu em Curitiba, em 1978. Publicou Sísifo Desatento (contos) – finalista do Prêmio Sesc de Literatura, edição 2007 – em 2014 e Solidão de Caronte (poesia) – Prêmio Poetizar o Mundo – em 2013. Foi colaborador de Rascunho, Cronópios, Vaia, Cult, Germina Literatura, Palpitar, Ficções, Escritoras Suicidas, Samizdat e Mallarmargens. Foi colunista nos portais Página Cultural – com ensaios, críticas e crônicas –, Mundo Mundano e também foi um dos correspondentes do Musa Rara: literatura e adjacências.facebook.com/sisifodesatento
Homero Gomes nasceu em Curitiba, em 1978. Publicou Sísifo Desatento (contos) – finalista do Prêmio Sesc de Literatura, edição 2007 – em 2014 e Solidão de Caronte (poesia) – Prêmio Poetizar o Mundo – em 2013. Foi colaborador de Rascunho, Cronópios, Vaia, Cult, Germina Literatura, Palpitar, Ficções, Escritoras Suicidas, Samizdat e Mallarmargens. Foi colunista nos portais Página Cultural – com ensaios, críticas e crônicas –, Mundo Mundano e também foi um dos correspondentes do Musa Rara: literatura e adjacências.facebook.com/sisifodesatento