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Ilustração: Pia Ray |
Um pouco antes de existir, dei a louca de matar meus irmãos, alucinado por uma bolinha linda que brilhava no horizonte. Uns, empurrei pra fora do sêmen, outros, foi rasteira, mata-leão, qualquer trapaçagem que dispunha. Era um mundo pré-moral, onde só existia o amor e um fio cego de luz. Hoje me pergunto se não teria sido melhor ler as placas, "cuidado, vida loka na pista", "curva perigosa ao centro", "não entre se beber". Não, não fui o fodão entre milhões, no máximo, o mais sacana. Talvez, por isso, sigo chutando placas, canelando o mundo à sua procura. É pequena, quase não cabe no abismo, sabe? Mas êta, ave.Ô bolinha mais linda.
Willian Delarte é autor dos livros Sentimento do Fim do Mundo (poesia, 2011) e Cravos da Noite (contos, 2014), ambos pela Editora Patuá (SP) e O Alien da Linha Azul (Edições Incendiárias, 2016). Premiado no II e III Festival de Literatura da Faculdade de Letras (FFLCH) e finalista da 15ª edição do “Projeto Nascente”, todos da USP. Tem publicações em diversas revistas e antologias. Foi co-editor da revista Rebosteio Digital.