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4 POEMAS DE RODRIGO BRITO






O poema para ser lido ao som de Joy Division
foi escrito ao luar na presença de uma dama
foi desenhado nas curvas do desejo
não para sentir os rastros
apenas para sonhar aqueles olhos

Os últimos versos tocam as onze canções
de As Quatro Estações
uma tempestade de sensações surgem na tela
explosões cósmicas desconhecidas
todos os dias para esquecer a monotonia
para evitar a seriedade do cotidiano

O céu não é o objetivo
os relógios aparecem escondidos

dissolvem as luzes e acolhem o noturno


*   *   *


Desliguei todas as vozes
apaguei todas as luzes
A escuridão é a outra parte de mim

O silêncio

fumará as dores







Vi um velho homem na narrativa da cidade
suas labaredas mediam as histórias
Ônibus passam sobre os mortos
ruas que desfazem esperanças
Defuntos nos cheiros
 nos cheiros
quem me dera rasgar minha alma
e desenhar um barco com as folhas cortadas.


*   *   *


Sonhei que escrevia um poema
e nos versos desenhava o arrebol
dentro de mim cresciam castelos
dentro de mim nasciam árvores
na ponta do meu corpo brotavam confusões
ao norte eram apenas os segredos
de uma noite ilusória.

Imaginei Macário a declamar os meus delírios
em cada descompasso que minhas lágrimas
ofereciam ao Anjo de Sodoma

Desenharei algum dia a cena que me alucina
e será a grande obra do acaso.

Os sonhos não receberão aplausos
não receberão um beijo
não receberão um abraço





*   *   *




Rodrigo Brito nasceu em 20 de fevereiro de 1989 em Cuiabá, Mato Grosso. Graduado em Psicologia pela Universidade Federal de Mato Grosso, está terminando de cursar o mestrado em Estudos de Linguagem (PPGEL-UFMT). Autor de Solstício ao Luar (2013) e VISÕES (2015), possui colaborações em jornais e antologias. Email.

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