Germe é estágio inicial de algo, acusam os dicionários. Origem de um novo ser. Todo estágio inicial tem como pressuposto ascendência e – assim creem os otimistas – descendência. Este poeta tem lá suas filiações reconhecidas. Não se sente um indivíduo isolado ou excepcional. Presumo que poeta e poema que se prestem não obedecem ao progressismo linear. Se ele poeta se interessa por alguns autores hegemônicos e dominantes em nossa época, compreende que nele coabitam vozes que resistem, aquelas esquecidas na estante e que se desdobram na memória. Em meio a surtos recessivos de uma transgressão profunda. Várias metamorfoses se alastram por toda a parte, e o poema é um conjugado de vozes maliciosas e igualmente propícias à vivência solitária e coletiva. Voz de todos e fala de ninguém. Germe de um rito comum.
Altério Megame
Marco Aqueivaé autor, dentre outros, do romance SOB OS PRÓPRIOS PELOS: SERES EXTRAORDINÁRIOS (coedição Patuá-Dobra, 2014), do livro de poesia O AZUL VERSUS O CINZA & O CINZA VERSOS O AZUL (Patuá, 2012) e da novela SÓIS, OUTONO, SOU? (Dulcineia Catadora, 2009). Integra o coletivo Quatati,de produção e difusão literária. Email: marco.aqueiva@gmail.com.