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Ilustração: Mateusz |
Silêncio!
Que coisa!
Eu só quero
Uma casa
Cheia de sol.
O resto,
Eu durmo.
Tempo
Não entendo de desejos
E acho que os que sonhei
Foram paridos de aborto.
E acho que os que sonhei
Foram paridos de aborto.
Não entendo de seguir.
Esqueci isso quando
Estudava os verbos.
Esqueci isso quando
Estudava os verbos.
Não entendo de saudades.
— Saudade gera dor.
— Sou fraco para a dor
E indolente aos seus remédios.
— Saudade gera dor.
— Sou fraco para a dor
E indolente aos seus remédios.
Não entendo de muita coisa:
A não ser sonhar com um tempo
Em que isso não valia nada.
A não ser sonhar com um tempo
Em que isso não valia nada.
Nascer
Havia uma criança
De olhos perdidos
Olhando para o nada
Quando o mundo
Explodiu.
Mulher
[Para Lurdinha]
Oito vezes digo que te amo:
Porque somos um par.
Oito vezes te chamo:
Porque os anéis se encontram.
Oito é só um dia.
Tão pouco!
— Ninguém pode resumir
O que é infinito.
Carta
Não vou escrever mais nada!
Nenhum verso,
Nem reverso,
Nem avesso.
Acho que
Esqueci
O endereço.
Pulsação
É o sangue que irriga
São as veias inflando
É um sopro que invade
É a vida que brota
São as palmas com águas
Saciando esta sede
São as cores no céu
Desenhadas em seda
São os olhos atentos
Ao suor, ao espanto,
São corridas trôpegas
Atiçadas em açoites
Que empurram certeza
Arquivadas em mesas
Contadas em cantos
No ritmo do coração.
Jorge Bastiani é poeta, cronista, músico, compositor, jornalista, ativista cultural e autor de peças de teatro e biografias, nascido em Buriti Bravo-MA. Autor dos livros de poemas Composições, Versos de amor (parceria) e Pulsação. Mora na capital Teresina e colabora na realização do sarau Na Pele da Palavra em Caxias-Maranhão.