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3 poemas de Cátia Cernov

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Ilustração: Bolivar Gomes


Murilo Kid entrou final d noite
no Kabaré
carregando 1m piano nas kostas
Pulou por uma das janelas d kaos
do Saloon Mosaiko
Pos o piano no centro d gravidade
debaixo do lustre d rosasneons
Pediu Licor-d-Antimatéria
tocou concentrado seu piano qantiko
na idéia d roubar musica ds esferas metafísikas
& outros truqes ds universos
13 anos
daqeles qe cedo fogem dEscola
segue o sertão
busca aventura&autoenfrentamento
obedece ao vigor d corpo
a disposiçao d alma
não fica pra ver os filmes
sua vida é o filme
qe esperam todos?
“Eu só vejo o céu pelo avesso”
Com seu piano qantiko
tocou selvagem
o sexo ds elétrons
Fez brotar 1m mundo
Botou flores&lagartos lá
Inventou meninas orqestras&alfabetos
Deu d comer aos lobos
Adubou a terra com seu sêmen azul
Destilou vodka & fez chover fibras óticas
E qando todos nós estávamos deslumbrados
Um qantun embriagados
Com seu sorriso de menino maroto
Ele se pos a destruir tudo
Qebrou as ligações atômikas
Inverteu o propósito ds karbonos
Derreteu as moedas qe ele mesmo cunhou
Exilou os sacerdotes qe ousaram
dizer em seu nome
Jogou 1m cometa ns parlamentos
Esmagou seus exércitos
E estilhaçou o piano
Cada tecla
1ma borboleta
arrastando 1m terremoto
Depois dançou pelo salão
com seus inimigos imaginários
Riu de nosso espanto
Nos deu doces&travessuras
E antes de partir
Bem diante d nossas pupilas famintas
Segundos antes d mergulhar no burakonegro
Murilo Kid ainda psikografou:
“Eu existo pra assistir ao fim do mundo
Não há outro espetáculo que me invoque.
Eu preciso assistir ao fim do mundo
Para saber o que Deus quer comigo e com todos
E pra saciar minha sede de teatro.”


*
RadioAtividades
Ligar o rádio
Ouve a musika do akaso
Enqanto kaem poemas
Fecha ouvidos d mente
Transmuta os anúncios
Num blues em javanês
As radiopiratas gritam profecias
Vai kair a transmissão
Qem vai ficar pra enfrentar o ruído?
JKerouak e eu
colhemos cogumelos d neon
a tarde toda em Chernobyl



*
J.Keruak, o Monge
esteve por aqi ontem a noite
e pintou um Kristo
na parede do banheiro
lindos olhos de vagabundo
tomado de 1ma paixão gigante
com lápis úmido de karpinteiro
saliva de budistas bêbados
cabelos de vento
Íris de vinho
lábios dormentes
Levou a garrafa de tekila qantika
com ele
e trabalhou em silêncio
rascunhou todas as estradas
os iluminados da montanha de gelo
e as meninas de tristessas
qe um dia amou
colou tudo qe habita nele
vagões girassóis pedaços de cadernos
as zilhões de almas
qe pulsa em seu koração monástiko
antes, depois e desde então
Pra kada traço
um satori
Kada vazio
o Absoluto
Kada gole
um quantun
Não pagou a conta
beijou Cecília Katrina
jogou dados com Kaim
e partiu sem dizer nada
Eu vi
seus vadios olhinhos de kristo
refletidos do retrovisor
Creio qe deixou
um punhado de ressureição no Kabaré



Cátia Cernov, escritora nômade, filósofa orgânica e produtora independente, vaga entre as cidades com seus livros de poesias e também ficção científica.  Autodidata, desertou á Academia, e mora num universo onde “É permitido delirar!” Tem 46 anos, 3 filhos, e mora em Florianopolis SC. Seus textos, ensaios libertários, contos, ficções, poemas, são fragmentos de seu universo em expansão. Ela mesmo escreve, edita e imprime seus livros, pelo seu selo Cernov Produção Independente. Já publicou na Revista Caros Amigos, Edição especial Literatura Marginal; publicou seu primeiro livro Amazônia em Chamas, contos, pelo Selo Povo, do escritor Ferrez, de São Paulo, através da editora Luzes no Asfalto. Publicou seu segundo livro Sapiens, ficção científica, pelo seu próprio selo Cernov Produçao Independente.  Mantém um blog : Kabaré de Rosa Negra (Catiacernov9@blogspot.com) .

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