Quantcast
Channel: mallarmargens
Viewing all articles
Browse latest Browse all 5548

7 poemas de Jandira Zanchi

$
0
0
Ilustração: Ayhan



VITRAIS

estreito em cada vigésimo vaga-lume o rodar do eixo
alongado em aléns aliens de muito fado
danças de sombras vorazes  esculpidas ao chamado das águas
                amortizadas em freqüentes embalos embotados
aborrecidas e esfuziantes do mestiço da sina
sua corpórea manifestação esculpida de vagares
e vestígios e vulgares e vomitados vinténs....

incorporo minhas águas(aindatão frescas como o beijo da lua)
em levitados leviatãs  esculpidos ao fácil fascínio do amor

essas sementes cedidas no rumor das nascentes
aos fabios fabianos fornecidos de som e fúria
e quietude e marcha e amplitude
quase uma catedral de vitrais espelhados
na virgem vertigem dessas partículas acordes
  
avançadas em bemóis de besuntadas febres

adormecidas ao longo das pequenas chamas da noite
que se movimentam cá e lá de muita andaluzias

faróis famintos quase distantes disparados


no supremo sal de teus olhos.



CONTRATEMPO

cenários a vácuo
enfileiram- se
maníacos  manipulados 
      mediados
na vazão, quase sinistra,
do vão sustentáculo

- matéria/simbiose/quase osmose
        (materialmente vago)
nobre conjunção aleatória
sem predicados e ou quem sabe
vague por esses tempos anulados
de certidões e certificados
circunstâncias fundidas no ferroso
cobre amianto.... da dúvida?

esperança  tolerância abundância  redundância

caímos por esse fio sem corte afiado
na masmorra virulenta do vernáculo
uma completa ciranda evidente
círculo concêntrico excêntrico

para destituídos de rendas e pompas
anunciarmos nossa nudez
                 frio fria flagrante
decência de códigos e fibras

espectadores ou atores
são externas as malhas
melífluas  ou indiferentes
acidentalmente convenientes

gotas derramam-se no lago, pretensioso,
desse poente/nascente (conjugam-se valores
e validades esculpidas em ondas violáceas
invadindo e ligando os fios cosmonautas
        do espaço- contratempo).



CONCHAS

meus olhos
         são conchas
sem espasmos 
         e fecham-se
em tardes ambivalentes....


Ilustração: Canankk


ROJOS

enredos retorcidos nos fios frios destemperos
temperados nas moradas maviosas de marés noturnas

creio que o fulgor amarelo dos dias desabitados esvanecem
 crus e sólidos – arruinados -  mambembes requisitados
em suas deixas madeixas deixados ao lado fronte dessa ponte
pontificados pontífices alumbrados
                                desastroso o processo processual perímetro

pacificado meu rumor de lentilhas labores lestos prestos

a cor desse santo é mesmo em branco alvor do horizonte
por onde permeia a carne carnificina carmim alvorada
desses pássaros rojos – carmim desavisado sangre salgado


os rios que percorrem as fronteiras dessas cordilheiras
de luz e sombra e almíscar e fatos e quadros
                                                                      e nenhum preparo
já que só ao corredor corrimão da vida e suas estreitas agonias       cabe a flor de lótus e lutos
com que enlutamos de preto e anis os muros
que circundam as luas de brandura e benzidas rezas
das marias lentas e descompassadas

formosuras destemperadas no alvará
         – certeiro  -
 bravio de luta e lótus.



MASMORRA

lua amanhecida
sem véus
masmorra de céu e limbo.



VAGA-LUME

rios que permanecem à esquerda
esperantos de ostracismos e fácil
argumento dissociado
      caído 
              vertiginoso
alhures alheado altivo alternado
espiralado no vento macio
         decrescente
depurado nesses antros
de meia quadra festim vago
viadutos de almas ascendidas
corridas no córrego
da umas vidas sem vintém e víspora
antes
         ascendidas
franqueadas de ilusão
pomos pálidos de fundo cálido
espumadas no túnel tubo odorífico
alongado    quase pacífico


um desdém de ritmo albergado
no vazado vaga-lume
emoção (às vezes estrume)
agourado acetinado
pairado na raiz e na retinta

sede, serenata, de algum bendito.



PERÍMETRO

dissolvo 
a dissolvente
dissolução
segunda pele
perímetro
por onde carniças
e camafeus
assombraram
um pedaço de sombra

solstício insalubre
macerado nas ameias
açucaradas desse
narcótico vivo

ainda nubente....
a deusa  ao longo da seda.



Poemas de "Meio Dia/Sol Poente" (inédito).



Jandira Zanchié poeta e ficcionista, autora entre outros de Gume de Gueixa (Patuá, 2013). Participa do conselho editorial de mallarmargens revista de poesia e arte comtenporânea.



Viewing all articles
Browse latest Browse all 5548

Trending Articles