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Ilustração: Ayhan |
VITRAIS
estreito em cada vigésimo vaga-lume o rodar do eixo
alongado em aléns aliens de muito fado
danças de sombras vorazes esculpidas ao chamado das águas
amortizadas em freqüentes embalos embotados
aborrecidas e esfuziantes do mestiço da sina
sua corpórea manifestação esculpida de vagares
e vestígios e vulgares e vomitados vinténs....
incorporo minhas águas(aindatão frescas como o beijo da lua)
em levitados leviatãs esculpidos ao fácil fascínio do amor
essas sementes cedidas no rumor das nascentes
aos fabios fabianos fornecidos de som e fúria
e quietude e marcha e amplitude
quase uma catedral de vitrais espelhados
na virgem vertigem dessas partículas acordes
avançadas em bemóis de besuntadas febres
adormecidas ao longo das pequenas chamas da noite
que se movimentam cá e lá de muita andaluzias
faróis famintos quase distantes disparados
no supremo sal de teus olhos.
CONTRATEMPO
cenários a vácuo
enfileiram- se
maníacos manipulados
mediados
na vazão, quase sinistra,
do vão sustentáculo
- matéria/simbiose/quase osmose
(materialmente vago)
nobre conjunção aleatória
sem predicados e ou quem sabe
vague por esses tempos anulados
de certidões e certificados
circunstâncias fundidas no ferroso
cobre amianto.... da dúvida?
esperança tolerância abundância redundância
caímos por esse fio sem corte afiado
na masmorra virulenta do vernáculo
uma completa ciranda evidente
círculo concêntrico excêntrico
para destituídos de rendas e pompas
anunciarmos nossa nudez
frio fria flagrante
decência de códigos e fibras
espectadores ou atores
são externas as malhas
melífluas ou indiferentes
acidentalmente convenientes
gotas derramam-se no lago, pretensioso,
desse poente/nascente (conjugam-se valores
e validades esculpidas em ondas violáceas
invadindo e ligando os fios cosmonautas
do espaço- contratempo).
CONCHAS
meus olhos
são conchas
sem espasmos
e fecham-se
em tardes ambivalentes....
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Ilustração: Canankk |
ROJOS
enredos retorcidos nos fios frios destemperos
temperados nas moradas maviosas de marés noturnas
creio que o fulgor amarelo dos dias desabitados esvanecem
crus e sólidos – arruinados - mambembes requisitados
em suas deixas madeixas deixados ao lado fronte dessa ponte
pontificados pontífices alumbrados
desastroso o processo processual perímetro
pacificado meu rumor de lentilhas labores lestos prestos
a cor desse santo é mesmo em branco alvor do horizonte
por onde permeia a carne carnificina carmim alvorada
desses pássaros rojos – carmim desavisado sangre salgado
os rios que percorrem as fronteiras dessas cordilheiras
de luz e sombra e almíscar e fatos e quadros
e nenhum preparo
já que só ao corredor corrimão da vida e suas estreitas agonias cabe a flor de lótus e lutos
com que enlutamos de preto e anis os muros
que circundam as luas de brandura e benzidas rezas
das marias lentas e descompassadas
formosuras destemperadas no alvará
– certeiro -
bravio de luta e lótus.
MASMORRA
lua amanhecida
sem véus
masmorra de céu e limbo.
VAGA-LUME
rios que permanecem à esquerda
esperantos de ostracismos e fácil
argumento dissociado
caído
vertiginoso
alhures alheado altivo alternado
espiralado no vento macio
decrescente
depurado nesses antros
de meia quadra festim vago
viadutos de almas ascendidas
corridas no córrego
da umas vidas sem vintém e víspora
antes
ascendidas
franqueadas de ilusão
pomos pálidos de fundo cálido
espumadas no túnel tubo odorífico
alongado quase pacífico
um desdém de ritmo albergado
no vazado vaga-lume
emoção (às vezes estrume)
agourado acetinado
pairado na raiz e na retinta
sede, serenata, de algum bendito.
PERÍMETRO
dissolvo
a dissolvente
dissolução
segunda pele
perímetro
por onde carniças
e camafeus
assombraram
um pedaço de sombra
solstício insalubre
macerado nas ameias
açucaradas desse
narcótico vivo
ainda nubente....
a deusa ao longo da seda.
Poemas de "Meio Dia/Sol Poente" (inédito).
Jandira Zanchié poeta e ficcionista, autora entre outros de Gume de Gueixa (Patuá, 2013). Participa do conselho editorial de mallarmargens revista de poesia e arte comtenporânea.