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Channel: mallarmargens
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O velho Mark

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Reza a lenda que um dos pais das histórias,
Mark Twain (pronuncia-se 'tuéin')

Teria dito que cada um de nós
É uma lua,
E tem um lado escuro
Que não mostra a ninguém.

Teria olhado as pradarias ainda sem dono
Lutando contra a morte desde aquela época
Um ser cadavérico aos olhos faustos de hoje
Com seu indefectível bigodão.

Vê-lo é como sentir o silêncio
Depois de décadas de ruído de fundo
Estamos livres da humana condição,
Da qual nem ideia vaga fazíamos

Mil ornatos em lascas de arabescos
O painel insituável da lembrança
Tudo assim só pode ser sagrado.

Dos olhos espantados surge o quadro
Ungido em fogo, injetados,
Sentem que vem vindo
Com esplendor de escola de samba

O cidadão que fala assim da lua
- e acrescento, como ninguém -
Talhado em presença testificada
Pela imanência, de acaso indefectível.

Através das labaredas me fita
Com sua ígnea cabeleira
Mark Twain.



Nesse instante surge o eu-lírico, uma fagulha
Dando aquele dramático salto
Sem lado escuro pra se apoiar
Sobre a inércia

Aquela simples mas não sintetizável
Resvalada que produz a vida, inclusive a sua,
Regida por esses pares de opostos.
A produção de qualquer presença -

Até a da própria lua.

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